EDUARDO CAVALCANTI
Fotos: Camila Cara/ Divulgação/ Lollapalooza
Depois de uma sexta e um sábado que registraram alguns dos melhores shows do Lollapalooza, a temperatura das atrações baixou bastante no domingo. Num dia em que até o funk deu as caras no festival, o cantor norte-americano de R&B Khalid garantiu um pouco de ritmo ‘cool’ na tarde quente de São Paulo.
Khalid é o tipo de cantor discreto, como tantos outros de sua geração, que não parecem interessados no sucesso, e muito menos em qualquer coisa sequer semelhante ao confronto. Seu soul tingido de reggae tem baixos teores daquilo que sempre se considerou necessário no gênero: alma
Com dois sucessos no currículo, Khalid espertamente deixou ambos para o final. Location e, mais ainda, Young, Dumb & Broke foram suficientes para manter o interesse do público em sua apresentação.
Ajudou que ele veio acompanhado de três músicos competentes, principalmente um baterista que injetou sangue onde parecia não existir nas músicas. Foi uma boa solução, considerando que qualquer batida eletrônica seria suficiente para segurar o ritmo bem descomplicado do cantor.
Khalid parecia não acreditar na reação inicial favorável do publico, e não parava de dizer que amava todo mundo. Mesmo todo esse amor não impediu que o show se arrastasse por um bom tempo com uma sequência de baladas que matou o entusiasmo provocado pelas primeiras músicas – justamente as poucas mais animadas.
Com seu álbum de estreia, American Teen, lançado com sucesso no ano passado, é cedo para dizer se Khalid tem futuro no R&B ou se não vai passar disso. O certo é que ele está a quilômetros de distância de concorrentes como The Weeknd, que coloca questões pesadas em suas músicas e faz shows, como o próprio Lolla mostrou no ano passado, muito mais ambiciosos e impactantes.