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New Order faz repeteco no set, mas agrada com hits

VINICIUS HOLANDA
Fotos: Stephan Solon / Divulgação

No conto (que virou filme) O Curioso Caso de Benjamin Button, de F. Scott Fitzgerald, o personagem principal nasce velho para ao longo da vida culminar num bebê. O show apresentado pelo New Order em São Paulo, na quarta-feira, segue um caminho semelhante. Começa com uma música do último álbum, o 10º de estúdio, para encerrar com canções do Joy Division – banda seminal do pós-punk que deu origem à armada pop-rock-eletrônica.

O público que lotou o Espaço das Américas viu mais do mesmo, o que não parece ter tirado a empolgação da plateia. O show é praticamente igual ao apresentado no mesmo local há dois anos – que, por sua vez, já era bem parecido com a apresentação no festival Lollapalooza, também na capital paulista, de 2014.

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A noite foi aberta com Singularity, uma das músicas mais dançantes do bom Music Complete (2015). O disco ainda forneceu outras quatro canções para o show, que, mesmo que menos conhecidas pela audiência, foram bem recebidas. Destaque para Plastic, com pegada ultraeletrônica e que casou bem com os hits mais dançantes guardados para o fim.

O primeiro clássico oferecido aos fãs foi Age of Consent, de Power, Corruption & Lies (1983), segundo álbum da banda, com um título cada vez mais atual. Your Silent Face, da mesma obra, apareceu numa versão poderosa. E precedeu a primeira menção ao Joy Division na noite, a lenta Decades. A voz do guitarrista Bernard Sumner, que evidentemente nunca foi o forte do grupo, fica, no mínimo, curiosa ao tentar emular o exótico timbre de Ian Curtis, o vocalista e líder da antiga banda, que se suicidou em 1980 e virou ícone do rock.

Mas se o que o público queria mesmo eram os hits que dominaram boa parte das paradas dos anos 1980 e 1990, estes vieram do meio para a frente da apresentação. Bizarre Love Triangle, single absoluto de Brotherhood (1986), foi recebida com entusiasmo e acompanhado a plenos pulmões pelos fãs. Reação que chega a contrastar com a habitual postura seca dos integrantes da banda – Sumner mal fala com a plateia. o que não chega a ser nenhum demérito, claro, afinal o que interessa é a música.

E é na reta final do show que os ingleses apresentam as cartas que garantem o jogo ganho. Afinal, quantos grupos podem se dar ao luxo de disparar petardos dançantes e do quilate de The Perfect Kiss, True Faith, Blue Monday e Temptation numa tacada só?

O bis, como já havia ocorrido nas últimas passagens do time de Manchester pelo Brasil, é reservado para homenagear o Joy Division e seu mentor. O rosto de Ian Curtis é exibido repetidas vezes no telão ao longo da acelerada Disorder, da etérea e bela Atmosphere, e, claro, do maior clássico da extinta banda, a dilacerante Love Will Tear Us Apart. Saldo final: embora o filme já seja conhecido, o enredo ainda pode agradar.

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