Planet Hemp encerra 30 anos de história com show histórico e politizado no Allianz Parque

Planet Hemp encerra 30 anos de história com show histórico e politizado no Allianz Parque

O Planet Hemp escreveu seu capítulo final em São Paulo com um show histórico no Allianz Parque. A apresentação da turnê A Última Ponta, que marca o encerramento dos 30 anos de carreira, foi muito mais que um espetáculo musical: virou documento político, resgate histórico e rito de despedida para uma banda que moldou gerações, na música, na cultura e na luta pela legalização da maconha no Brasil.

Aula sobre a história da maconha e do Planet Hemp em Allianz Parque

Antes mesmo da banda pisar no palco, o público assistiu a um vídeo de mais de 20 minutos relembrando a trajetória da cannabis no Brasil desde os anos 70, com trechos de reportagens, registros policiais, movimentos sociais e aparições do Planet Hemp na mídia. A retrospectiva costurou, com precisão, o papel da banda no debate público, desde 1993, quando surgiu no Rio, até os anos de criminalização, perseguição e prisão, que se tornaram parte da identidade do grupo.

A partir daí, o show assumiu tom celebratório e militante. Marcelo D2, BNegão e companhia revisitaram as fases da banda, exaltaram parceiros, lembraram figuras da cena punk, hardcore e hip-hop, e destacaram (várias vezes) a importância da Marcha da Maconha. O clima era de reencontro, libertação e despedida.

Crédito: Marcela Mattos

Show politizado e clima de fim de ciclo

A apresentação teve forte carga política. D2 fez discursos sobre descriminalização, encarceramento e liberdade individual. A plateia respondeu fumando, cantando e vibrando, numa cena impensável há duas décadas, quando o grupo foi parar na cadeia por defender abertamente o tema.

Havia um claro tom de missão cumprida. A banda sabia que estava fechando um ciclo. O público sabia que estava presenciando um pedaço da história da música brasileira.

Pitty também marcou presença no show do Planet Hemp (Crédito: Marcela Mattos)

Convidados, surpresas e emoção à flor da pele

O trio de convidados já anunciado, Emicida, Seu Jorge e Pitty, elevou a energia da noite. Pitty trouxe peso, Seu Jorge trouxe groove, enquanto Emicida, emocional como sempre, reforçou o elo de gerações que o Planet Hemp ajudou a abrir.

A surpresa ficou por conta de João Gordo, do Ratos de Porão, chamado ao palco como símbolo máximo da ligação da banda com o underground noventista. A galera veio abaixo.

B-Negão e Black Alien no palco (Crédito: Marcela Mattos)

Mas nada superou o momento final. Black Alien, presença raríssima, surgiu no fim do show. D2 contou que recebeu a ligação do rapper naquele mesmo dia, avisando que estaria lá. O estádio virou um mar de gritos. Dá pra dizer que ali a banda desmontou, de emoção mesmo.

Em seguida, D2 homenageou Formigão, Ganjaman, Pedro, Nobru e DJ Zé Gonzalez. Um adeus para todos os que construíram o Planet Hemp. Memorável!