Por Daniela Paulino
Foi sofrido, mas deu certo. Convocado para a noite mais concorrida do Rock in Rio (que teve ingressos esgotados em duas horas), o Bon Jovi teve imprevistos dignos de novela. Jon demitiu o guitarrista, Richie Sambora, que precisava de um rehab. Tava bebendo demais. E os fãs bem sabem o quanto essa ausência é complicada numa banda “familiar” como o Bon Jovi.
Quando a poeira “baixou”, a banda anuncia cancelamento de show no Paraguai. Fãs brasileiros aflitos com tantas notícias truncadas. Mas datas confirmadas, ufa!
Aí foi a vez de Tico Torres, o baterista: cirurgia de apendicite. Emergência. Apresentações adiadas. Apreensão. Pro Brasil, só o show do Morumbi foi adiado um dia. A banda garantiu que viria. E veio.
Mas no dia do show do Rock in Rio, na última sexta-feira, outro golpe: Tico teve que ser operado às pressas novamente. Agora para retirar a vesícula. Pro lugar de Sambora, o guitarrista Phil X já vinha cumprindo a agenda. Já pra assumir as baquetas de Tico Torres, Rich Scannella foi chamado.
Tecnicamente perfeitos, mas sem aquele carisma que a banda sempre ofereceu aos fãs. Pra mim, por exemplo, Sambora fez mais falta nos backing vocals do que nos solos de guitarra. Phil X é perfeito. Tico fez falta nas performances casadas com Jon. Não tinha como não sentir sua ausência.
E, no meio de tanta coisa, o Bon Jovi detonou. E não deve ter sido fácil prum líder de banda como o Jon, que é perfeccionista e sempre quer fazer o melhor show da carreira. Senti que ele estava mais comedido no Rio, primeiro show, pisando em ovos. Só se soltou no meio da segunda música, You Give Love A Bad Name.
Não fugiu muito daquele roteirinho, muito menos do setlist. Explicou com tristeza a ausência de Tico Torres. Deu dois selinhos numa fã de Campinas. Cantou Always tão emocionado que não atingiu as notas mais agudas. Mas fez bonito.
No show de São Paulo, no domingo, todos estavam mais soltos. Já sabiam que Tico estava se recuperando bem. O público também pareceu mais caloroso, afinal era composto só por fãs de Bon Jovi, diferentemente de um festival. Isso fez os fãs serem merecedores de um bis mais generoso, mesmo debaixo de muita chuva. “São Paulo faz isso melhor que o Rio”, disse Jon, comovido.
David Bryan, o tecladista ‘cabelinho de miojo’, único da formação original além de Mr. Bongiovi, também fez o seu melhor (sensacional), ao lado de Hugh McDonald (o eterno substituto de Alec John Such no baixo) e Bobby Bandiera (guitarrista que acompanha Jon desde Destination Anywhere, de 97).
Antes dos shows, muita especulação sobre o que seria do Bon Jovi desfalcado. Mas, pra quem tem hits como Livin’ On A Prayer, Bad Medicine, You Give Love A Bad Name, Born To Be My Baby, It’s My Life, fica difícil não acertar. Apostou numa mistura de sucessos e músicas do novo álbum What About Now, como That’s What The Water Made Me, Because We Can, além da faixa-título.
Teve até lado B, como (You Want To) Make A Memory, rara em shows. Pra mim, fã desde 87, faltou In These Arms, a minha favorita. Mas foi espetacular. Sempre é.