Fotos: Flávio Santiago/Onstage
Quem assistiu os americanos da Red Fang no Maximus Festival no ano passado tinha uma certeza: os caras tinham tudo para serem os grandes headliners da própria apresentação. Quando digo tudo, quero dizer: força, energia, presença de palco, carisma e um instrumental poderoso ao vivo. Foi isso que eles provaram no último dia 24, no palco do Vic Club, em São Paulo. Donos da própria festa, eles lotaram a casa para uma apresentação crua, instintiva, regada a muita cerveja e sem frescura alguma.
A abertura da noite contou com três bandas que, de alguma maneira, eram influenciadas pelo stoner metal da Red Fang e traziam nuances do trabalho das caras nas próprias músicas. A primeira delas foi a Forte Norte, banda da Zona Norte de São Paulo com um som pesado reflexo das influências que vão de Deftones a Pearl Jam, passando, claro, por Queens Of The Stone Age e Red Fang.
Bem humorados e carismáticos, eles coloram o público de menos de 50 pessoas que estava na casa antes das 18h para pular com faixas como Cabrestos, Santo Forte e Tiro Sem Arma, que fazem parte do seu último EP, Overdose de Si, lançado no ano passado.
Em seguida, foi a vez dos também paulistanos da Último Engano. Eles traziam um som carregado da sonoridade rap e uma mistura singular de influências como Soulfly, Nação Zumbi, Hatebreed, Limp Bizkit, Sabotage e Dead Kennedys. O estilo parecia destoar do restante do line up, mas isso não era importante. Os músicos tocaram canções com letras repletas de críticas sociais como A Sede da Ganância, Selva de Pedra e Distorção Social, de seu disco Raízes do Caos (2016).
Por último, mas não menos importante, foi a vez da Mad Sneaks se apresentar para a platéia que já lotava o Vic Club. Com um som que remetia ao grunge, new metal e um pouco de stoner rock, os paulistanos trouxeram músicas e uma energia muito semelhantes a dos headliners da noite. Muito animados, eles fizeram a platéia pular do começo ao fim com uma essência bastante ‘rockstar’ e músicas como Sangue Sujo, no vídeo abaixo.
Às 20h, chegou a tão esperada apresentação da Red Fang. Ao contrário de tantas outras bandas que exigem faixas enormes, telão e tantos outros itens para a personalização do palco, os americanos se mantiveram simples, sem nada disso, e brilharam como nenhuma outra banda. Sem mistério, subiram ao palco aos poucos para auxiliar na montagem e teste de seus instrumentos, interagindo com o público.
Quando finalmente subiram ao palco, era raro encontrar um fã que não tivesse uma cerveja em mãos. As latas preenchiam todas as mesas, apoios e espaços livres da casa. A bebida é a favorita dos músicos e tem presença garantida em praticamente todos os seus videoclipes. A apresentação começou com o peso de Blood Like Cream, uma faixa bastante divertida que colocou a pista cheia da casa para se movimentar.
O som forte, intenso e ritmo singular do stoner rock, envolveram a plateia em um enorme culto à discografia da banda. As primeiras notas de cada música eram comemoradas com gritos e palmas, as letras eram cantadas em coro do início ao fim e a movimentação da plateia era insistente – se dividindo entre pulos e grandes rodas punk.

As pausas entre as músicas eram rápidas, dinâmicas e havia pouco tempo de interação entre o público e a banda. Mas o objetivo era nobre: entregar todas as faixas possíveis para os fãs e guardar a conversa para o final. O vocalista e baixista Aaron Beam confessou ao público que em todos os anos de carreira nunca havia suado tanto em um show – prova irrefutável da energia trocada com a plateia brasileira.
Em 1h30 de show, a banda tocou seus principais sucessos de seu disco autointitulado, Murder The Mountains, Only Ghosts e Whales And Leeches. Eles encerraram a apresentação com Prehistoric Dog, uma de suas músicas mais famosas e que não poderia estar fora da setlist. Quando saíram do palco ovacionados pouco depois das 21h, todos sabiam que aquele não seria o fim do show. Minutos mais tarde, eles retornaram para mais duas faixas: Hank Is Dead e Throw Up.
Antes de se apresentarem no Brasil, o vocalista brincou em entrevista ao Blog N Roll que culparia todo o país se o show fosse menos animado do que ele esperava. A noite provou que ele não precisaria culpar ninguém, mas agradecer pela recepção calorosa dos paulistanos.
A turnê do Red Fang na América do Sul foi uma realização da Solid Music Entertainment.
Setlist – Red Fang em São Paulo
Malverde
Crows in Swine
Not For You
Cut It Short
No Air
Into the Eye
Antidote
Wires
Number Thirteen
Sharks
The Smell of the Sound
Dirt Wizard
Flies
Prehistoric Dog
Hank Is Dead
Throw Up