Com 6h de duração e bandas muito aguardadas, We Are One Tour garante a maior festa punk do ano

Com 6h de duração e bandas muito aguardadas, We Are One Tour garante a maior festa punk do ano

BANDA FACE TO FACE

A animação para o evento era grande. Seis bandas de hardcore conceituadas no Brasil e no exterior, juntas, em uma turnê na América Latina pela primeira vez. No último sábado (7), a passagem da We Are One Tour por São Paulo, rendeu casa cheia e momentos inesquecíveis para muitos fãs que ainda não as tinham assistido no país.

The Decline (Austrália), Pense (Brasil), The Fullblast (Canadá), Much The Same (Estados Unidos), Ignite (Estados Unidos) e Face to Face (Estados Unidos) dividiram o palco do Carioca Club em Pinheiros, na capital paulista, em um festival vibrante e incansável, perfeito para ser cantado do início ao fim, como todo show de punk rock deve ser.

Não faltaram mosh pits, stage dives e interações criativas dos músicos com a platéia. Pela estrutura do evento, muitos fãs puderam subir ao palco, cantar com suas bandas favoritas, tirar fotos e gravar vídeos. Apesar de ser uma forma de registrar o momento especial, as selfies tiradas no palco não agradaram a todo o público.

A The Decline foi a primeira a subir no palco. Às 15h, os australianos tocaram seus principais sucessos, direto dos álbuns Resister, Are You Gonna Eat That? I’m Not Gonna Lie To You. No momento da apresentação, a casa ainda não estava cheia, mas já concentrava um bom público para o início do festival.

Muito foi discutido sobre o posicionamento da banda no line up da We Are One Tour. Houve quem defendesse que uma banda internacional não deveria abrir os shows, pois havia vindo de longe para sua primeira apresentação e uma brasileira se apresentaria na mesma noite. Mas houve um propósito interessante: colocando a The Decline no primeiro horário do festival, mais pessoas compareceriam para assisti-la e, de quebra, curtir o show da Pense logo em seguida.

Quem esteve na apresentação dos australianos cantou muito. Afinal, segundo o Spotify, o país que mais escutava a banda no mundo era o Brasil. Para fechar a setlist de pouco mais de 30 minutos, a banda escolheu seu maior sucesso, Showertime In The Slammer.

Um dos principais nomes do hardcore brasileiro, a Pense foi a segunda a se apresentar no dia. Comemorando seus dez anos de carreira e a volta após um curto período de hiato, os mineiros apostaram em mostrar o melhor de sua discografia ao público da We Are One Tour.

Por isso, se propuseram a tocar o maior número de músicas possível. Como abertura, escolheram seu single Revitalizar. Lançado recentemente, ele é o pontapé para o próximo disco, que deve ser gravado ainda no ano que vem, como o guitarrista Cristiano Souza explicou em entrevista ao Blog N Roll antes do início da turnê.

O setlist completo foi composto pelas músicas: O Que Me Cega, Gota a Gota, Máquina do Tempo, Aponte Pro Espelho, Espelho da Alma, Andando Sobre Pedras e Expansão da Consciência. Ao final da apresentação, os membros da Pense agradeceram a oportunidade de tocar no mesmo palco que muitas bandas que inspiraram o trabalho deles. Bandas como The Fullblast, Ignite e Much The Same elogiaram o show dos brasileiros em suas apresentações.

Quando Ian Stanger, Darran Malcolm, Brian Robinson e Andy Lewis subiram ao palco do Carioca Club, foram saudados por fãs de longa data. Isso, de alguma forma, contribuiu para aumentar a temperatura do show ainda mais. Empolgados por sua primeira apresentação no Brasil em mais de uma década de estrada, a banda tocou grande parte de seu repertório antigo, que antecedeu o lançamento do EP Attack.Sustain.Decay, lançado este ano.

A apresentação teve muita energia, por parte dos próprios músicos e principalmente pela platéia, que conhecia todas as músicas. Mas o ponto alto do show, capaz de unir os fãs mais recentes aos mais antigos, foi o momento em que tocaram Redemption, principal faixa do EP.

The Fullblast fez questão de agradecer diversas vezes o público por participar do festival e assistir as bandas que a antecederam. E prepararam o terreno para a chegada do Much The Same.

Sem dúvida, uma das bandas mais esperadas da We Are One era a Much The Same. Direto de Chicago, nos Estados Unidos, a banda teve grande importância no skate punk do final dos anos 90 e apenas recentemente voltou à ativa. Depois do lançamento do disco Survive, lançado em 2006, a banda pausou suas atividades para que os membros pudessem focar em suas famílias e projetos pessoais.

Pela primeira vez no Brasil, a Much The Same afirmou em entrevista ao Blog N Roll que não sabia se encontraria tantos fãs por aqui, principalmente os mais jovens. Grande engano. No meio da apresentação, o vocalista interrompeu o show para dizer que estava muito feliz de saber que a banda tinha conquistado muito mais fãs no Brasil do que nos Estados Unidos.

No setlist, a banda tocou grandes sucessos, como Stitches, Masquerade Gut Shot. Além disso, também perguntaram se os fãs queriam ouvir uma música nova, em homenagem ao Dan, guitarrista da banda que esteve ausente da turnê devido ao tratamento de um câncer. No lugar dele, John estava auxiliando a banda nas guitarras. A presença do público em cima do palco foi intensa!

Um pouco depois das 18h15 foi a vez da californiana Ignite se apresentar na We Are One Tour. A banda é experiente quando o assunto é Brasil e, em sua quarta vez no país, fez questão de caprichar em um show com grandes sucessos, costurados por posicionamentos políticos bem colocados – marca registrada da Ignite.

O show começou com algumas falhas técnicas que envolveram problemas nos microfones do vocalista Zoli Teglas, o que o deixou nervoso por algum tempo. Com tudo em ordem, a banda pausou o show para agradecer ao CEO da Solid Music Entertainment, Gustavo Simarro, por ser persistente em seus objetivos e conseguir trazer tantas bandas de skate punk juntas para o país.

O show teve outros dois momentos emocionantes protagonizados pelo vocalista: em um deles, Teglas falou sobre ter crescido na Califórnia e ter convivido com Chris Cornell o suficiente para se tornarem amigos. Ele falou sobre a depressão e reforçou a mensagem de que ninguém está sozinho na luta contra a doença. O segundo teve valor político. Antes de tocarem sua versão de Sunday Bloody Sunday, o vocalista falou contra a intenção de Donald Trump de provocar a Coréia do Norte a ponto de desencadear uma terceira Guerra Mundial. Segundo ele, isso só manteria o presidente por mais tempo no cargo – um preço que o mundo não merecia pagar.

Antes do encerramento do show, Zoli Teglas ainda tentou fazer ligação para Tatiana – uma fã brasileira da banda que havia dado luz há pouco tempo em Busdapeste, onde vivia. Ele tentou ligar diversas vezes, mas sem sucesso. Por isso, gravou um vídeo de toda a plateia cantando para ela. Na última música, o vocalista e outros membros da banda se jogaram na platéia. Um momento único!

Entre a setlist da banda, vale destacar músicas como: Veteran, My Judgement Day, Slowdown, A Place Called Home, Man Against Man Live For Better Days.

O show mais esperado da noite ficou nas mãos da Face To Face. Embalados por uma legião de fãs que não parava de gritar seu nome, a banda liderada opor Trever Keith, fez um show eletrizante, com o número exato de pausas para falar com o público. Ou seja, não perdeu tempo de palco e priorizou tocar a setlist formada por seus hits mais clássicos.

Em um dos momentos em que estava mais emocionado, Keith falou aos fãs algumas palavras em português e os agradeceu por continuarem apoiando a banda. Com quase 30 anos de carreira, não faltaram sucessos como I Won’t Say I’m Sorry A-OK. Nesta última, o público abriu uma enorme roda em meio à pista lotada do Carioca Club. Dezenas de fãs pularam do palco, cantaram com a banda, tiraram fotos e, ao final, subiram para cantar junto com os músicas. Eles encerraram, com chave de ouro, a maior festa punk do ano.