O rapper santista Augusto Pakko lançou mais um trabalho nesta segunda-feira (1). O clipe de 1038 trouxe um compilado de cenas de filmes e séries, como o sucesso nacional de Paulo Lins, Cidade de Deus e a sitcom Todo Mundo Odeia o Chris, entre outros grandes sucessos e vídeos de vivência, que foram gravados pelo próprio Pakko.
“Eu e meu produtor, procuramos e selecionamos cenas de séries e filmes que são referências para nós e reunimos tudo. Além das cenas naturais da Baixada Santista, que foram gravadas por mim”, relata o rapper. “Foi um processo minucioso, de pesquisa e busca. O que podemos usar para nos representar? Com o que nos identificamos dentro dessa vivência? O que é próximo da gente? Foi nessa busca que criamos o vídeo”.
A travessia 1038
1038, que foi lançada no último dia 25, faz referência à uma travessa da Zona Noroeste, em Santos, lugar aonde Pakko mora. E foi inspirada na vivência do rapper, como uma crítica sobre a sua realidade social. “É sobre todos os lugares que eu vou e o que vejo neles”.
A composição retrata o que se passa na região periférica de Santos, que é excluída e descriminada. Trata-se de uma crítica ao racismo e a desigualdade social, mas também traz ao público uma parte mais descontraída, contando sobre os bailes funks, o meio de diversão da comunidade.
Cresci no pé do morro e esse filha da puta
Quer vir me falar de topo?
Pipocando os pipoco, baile ta pocando
Isso na residência dos louco
Hoje é só brota xota pra todo meu bonde
Que hoje ta brindando white horse
Na mesa os malote, toque no walkie talkie
Tropa mete marcha nas boneca Trecho da música 1038 – Augusto Pakko
Pakko e manifestações contra racismo
O lançamento deste trabalho coincidiu com o início dos protestos decorrentes da morte do norte-americano George Floyd, que foi brutalmente assassinado por um policial. Na última semana, foram levantados diversos assuntos referentes a luta contra o racismo em todas as partes do mundo, e para o artista que milita contra o racismo, este momento é de muita importância e reflexão.
“Nós que somos pretos temos algo a mais. A nossa luta, a nossa história e resistência”, diz ao ser questionado sobre o assunto. “Para mim, isso vai muito além que fazer uma música. É levantar uma bandeira. É defender uma causa”.
Augusto Pakko traz em todos os seus trabalhos abordagens que retratam suas vivências como negro e periférico. Ele leva consigo a marca de ser Um Preto Notável, e traz voz à sua realidade.
“É muito mais que fazer trilha sonora de guerra, é muito mais do que só contar. É viver. É ter repulsa pelo que acontece. É sentimento. É sentir tanto na pele, como na alma, como nossos ancestrais. Nós temos que acordar. As pessoas têm que ganhar consciência e precisamos, se necessário, ir para a rua”, finaliza.
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