Pra quem ficou triste com a eliminação da Argentina na Copa do Mundo (pouca gente, acredito), listei alguns discos pra dar os caminhos do que é e o que foi o rock argentino. Procurei ouvir aqueles de maior prestígio, por motivos óbvios, e selecionei os que me parecem mais convenientes. Dispensando demais enrolações e prefácios pretensiosos, vamos aos discos:
Almendra – Almendra (1969)
Uma das grandes precursoras do rock argentino, a Almendra apresentou em seu primeiro disco uma mistura da psicodelia vigente da década de 1960 com as melodias populares nacionais.
Faixas como Ana No Duerme e Fermin são síntese da psicodelia latino americana, lembrando, até mesmo, algumas passagens tropicalistas proporcionadas pelos Mutantes.
Recomendo demais pra quem gosta de um rock psicodélico mais leve (puxado para o pop rock beatlemaníaco) com pitadas apimentadas de prog.
Manal – Manal (1970)
O Manal, assim como o Almendra, foi um dos dinossauros fundadores do rock argentino. É conhecido por ser o primeiro grupo a tocar blues em castellano na Argentina, enquanto seu primeiro disco é visto como um dos mais importantes da história do país.
O álbum homônimo é uma peça interessantíssima de blues e free jazz, com momentos que, se fossem cantados em inglês, muito provavelmente seriam vitrines do classic rock mundial. Destaque para Jugo de Tomate, No Pibe e Casa Con Diez Pinos.
Pescado Rabioso – Artaud (1973)
Talvez uma das mentes mais prolíficas e importantes para a história da música
sulamericana, a de Luis Alberto Spinetta estava sob forte influência do poeta francês Antonin Artaud quando – sob o nome da já dissolvida Pescado Rabioso – lançou… Artaud.
O álbum é considerado pela revista Rolling Stone como o melhor da história do rock argentino. Embora seja um resquício do rock psicodélico que ainda dava frutos na Argentina, o disco chama mais a atenção pela complexidade das letras e das melodias, muitas vezes cadenciadas por acordes flutuantes, tornando-se belo a cada atenção diferenciada.
Destaque para Bajan (que já se tornou um hino popular nacional), Supercheria (dividida em três grandes momentos) e Las Habladurias del Mundo (lisergia franca).
Soda Stereo – Canción Animal (1990)
Se a geração sessentista teve maior influência de Spinetta, os jovens descolados dos anos 1980 tinham um nome na ponta da língua: Gustavo Cerati.
O líder do Soda Stereo foi o grande responsável pela maioria dos hits do grupo – que atingiu grande popularidade internacional e ganhou até versão do Capital Inicial no Brasil.
A música, no caso, é De Musica Ligera (conhecida no Brasil como À Sua Maneira por conta do grupo do Dinho Ouro Preto) e está presente em Canción Animal, de 1990. O disco tem ótimas canções, como Cae El Sol e Te Para Tres, e merece atenções para além do hit – que é um pouco chato.
Sumo – Divididos Por La Felicidad (1985)
Saindo um pouco da zona de conforto, o Sumo surgiu com propostas um pouco dissonantes. Já com os pés nos anos 1980, a banda apostou numa mistura curiosa entre ska, reggae e post-punk, atingindo, sem querer, a cena do new wave que resplandecia nos ares argentinos.
As grandes ideias do grupo podem ser encontradas no seu segundo álbum, Divididos Por La Felicidad, também figurante entre os 10 maiores da música Argentina, segundo a Rolling Stone. Trazendo para o Brasil, encontram-se traços de Gang 90 e Blitz, grupos que carregam algumas influências em comum.
Semana que vem tem mais tema azul e branco. Um excelente final de semana a todos!