LUTTI AFONSO
A banana mais famosa não é a nanica, a maçã nem a prata. E sim, a que completou cinco décadas este ano – em 12 de março, e teve disco relançado em comemoração à data. É a capa do primeiro álbum do The Velvet Underground. A influência desse disco marcou a história da música e das artes plásticas.
E a coluna de hoje é sobre a banana, criação mais genial do artista pop, Andy Warhol, que rendeu e ainda rende inspirações no mundo das artes. A fruta virou um dos maiores símbolos da cultura pop.
Selecionei algumas obras de artistas, designers, fotógrafos brasileiros e estrangeiros que usaram a banana como protagonista em seus trabalhos pra lá de criativos, com técnicas que vai desde ilustrações gráficas, pinturas, estêncil até o grafismo.
A primeira seleção contém reproduções de artistas e designers que participaram do projeto Andy Warhol’s Banana: A Tribute by 22 Contemporary Artists, que aconteceu em 2013.
Segundo o ilustrador francês, Paul Loubet, um dos artistas selecionados, o designer Christian Petersen, com a Société Perrier, recriaram o clássico em tributo ao artista pop no aniversário de 85 anos. Confira algumas das reinterpretações:
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Créditos: perrier.tumblr.com
Monica Silva
O projeto Banana Golden Pop Art nasceu sem nenhuma pretensão. “A banana tem muito a ver com a cultura brasileira. Foi um trabalho terapêutico e fiquei surpresa com tamanho sucesso”, conta a fotógrafa e artista brasileira Monica Silva, que mora em Milão, na Itália, há quase 33 anos e se especializou em psicologia do retrato.
Além de ser uma releitura, esse trabalho foi uma homenagem a obra de Warhol. Monica conta que estava fazendo um projeto sobre a fragilidade da vida, fotografando frutas e verduras sob a luz caravagesca (efeitos de luz e sombra exagerados no estilo do pintor Caravaggio) e sentiu a necessidade de fotografar algo colorido. “A cor no meu trabalho é fundamental. Pensei imediatamente na obra de Andy Warhol e dos painéis coloridos do quadro da Marilyn Monroe e foi aí que decidi usar a banana, me lembrando da capa do disco dos Velvet.”
Banana escolhida, a fotógrafa pintou com spray dourado e comprou papel cartão colorido para compor o ambiente. Na impressão, utilizou um papel fotográfico que dava um efeito tridimensional e no suporte de alumínio, Plexiglass (placas de acrílico).
A composição das quatro imagens foi selecionada pelo crítico Denis Curti e exposta no MIA Photography Fair em 2015, a mais importante feira de arte dedicada à fotografia e à imagem móvel na Itália. Teve exposição também em Hamburgo, na Alemanha, na Feira de Arte Acessível, na Gaudì Gallery, no mesmo ano.
E a fotografia ainda ilustra o livro It’s a Nikon, It’s an icon, feito por 100 fotógrafos e 100 imagens em comemoração aos 100 anos da marca.
Para conhecer mais sobre o trabalho da fotógrafa, acesse o site.
Butcher Billy
O curitibano Bily Mariano da Luz, popularmente conhecido como Butcher Billy, é um artista e designer gráfico com influência do movimento pop art e referências na música, cinema, arte, literatura, games, hqs, religião e política em suas ilustrações.
Seu trabalho se tornou viral há uns quatro anos nas redes sociais e desde então suas artes vêm crescendo, espalhando um conteúdo impressionante pra quem o segue e também pra quem curte artes gráficas ou esse universo. Confesso que fiquei fascinada com o talento e a criatividade do Billy que o sigo em TODAS as mídias.
David Bowie e Andy Warhol são algumas das influências artísticas do designer. E essa junção resultou na série Butcher Billy Changes Bowie, onde Billy criou uma peça de arte por dia, transformando Bowie em personagens da cultura pop. Ao todo foram 30 ilustrações onde ele associou um título da música do cantor. Aqui você confere Bowie na versão do disco cinquentão. Na coluna de janeiro vai ter overdose de Butcher Billy.
Marta Grossi
O projeto Banana Graffiti feito pela diretora de criação e ilustradora italiana, que mora em Hong Kong, Marta Grossi, traz uma série de bananas com a casca desenhada, uma mais linda que a outra. “Toda banana tem uma tela simples e única”, diz Marta que apesar do projeto não ter inspiração na capa da banana, a artista usou a estética das cores fortes e vibrantes do movimento artístico.
A ideia surgiu quando a ilustradora comprava muitas bananas para levar ao trabalho e um dia no mercado popular de Hong Kong, viu bananas escritas com marcador vermelho para indicar o preço. “Quando voltei ao escritório, comecei a escrever o nome dos meus colegas e desenhar pequenas ilustrações para personalizar as bananas”. Marta conta que em poucos dias o projeto se tornou viral mundialmente.
Para pintar as bananas, Marta utilizou materiais de papelaria como marcadores, brilhos, tintas acrílicas e até mesmo esmaltes de unha. As fotos desse projeto foram feitas pelo celular, um iPhone 5. Sua conta no instagram (@bananagraffiti) tem mais de 25 mil seguidores e a #bananagraffiti tem fotos inspiradas no seu projeto. “É sempre bom saber que o projeto foi – e ainda é – seguido em todo o mundo”.
O Banana Graffiti durou três anos e a inspiração do seu trabalho vem de coisas simples e comuns. “Um sinal na rua, uma música, um casal de idosos no parque, manchas de molho na mesa, adoro ver as coisas de ângulos diferentes e mudar a nossa perspectiva”.
Dentro do projeto teve série para eventos de caridade, como a conscientização ao Câncer de Mama e até um tributo ao roqueiro Lou Reed, da banda The Velvet Underground. “A homenagem a Lou Reed foi a forma de expressar a influência de sua música com a minha criatividade”.
Algumas imagens você pode conferir na galeria abaixo e mais trabalhos de Marta no site.
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Robert Bowen
Para a exposição Warhol Reimagined: The New Factory que aconteceu em São Francisco, em 2011, com a curadoria do fotógrafo Michael Cuffe, também conhecido como Warholian, o artista visual, Robert Bowen, foi convidado a recriar uma obra do repertório do Warhol em seu próprio estilo contemporâneo. Bowen recriou então a capa do álbum da banana.
Intitulada como Behind the Peel, ele interpretou uma banana parcialmente descascada com tentáculos de uma lula.
Alexandra Bruel
A diretora de arte francesa e cenógrafa, Alexandra Bruel, foi contratada pela Vogue britânica para criar um cenário com joias inspirado na arte pop para a edição de dezembro de 2013 da revista. E adivinha o que foi escolhido para a sessão de fotos? A banana de Warhol! O resultado do trabalho completo com outras inspirações da obra de Warhol, feito com massa de modelar, você confere no portifólio de Alexandra.
Mimi Ilnitskaya
Mimi Ilnitskaya é uma ilustradora e designer do Cazaquistão e fez uma série com desenhos de crânios que homenageia grandes artistas, como Salvador Dali, Van Gogh, Leonardo Da Vinci, Pablo Picasso e Andy Warhol.
Basquiat
Em 1984, Basquiat pintou o amigo Warhol como uma banana no retrato que leva o nome de Brown Spots. O artista retrata a peruca prata que Warhol sempre usava na época.
Jean-Michel Basquiat era um artista americano e alcançou a fama no final da década de 1970, onde os movimentos de hip hop, pós-punk e street art se uniram. Nos anos 80 ele exibia suas pinturas neo-expressionistas em galerias e museus internacionalmente.
Dolk
Dolk Lundgren é um artista de estêncil, estudou design gráfico em Melbourne e sua obra é inspirada pelo também artista de rua Banksy. Reconhecido na Noruega, seus trabalhos são referências culturais, arte pop e em contexto crítico ou humorístico. Suas obras estão espalhadas por muros em Berlim, Bergen, Copenhague, Barcelona, Oslo, Lisboa, Estocolmo, Londres, Praga e Melboune.
New Street Art
Fin DAC, um artista urbano autodidata e a artista visual e fotógrafa, Angelina Christina, também conhecida como Starfighter, fizeram juntos um belo trabalho, o The Veveteens. Essa obra foi dedicada à memória de Lou Reed e você a encontra na 89-127 South 5th St, em Williamsburg, Brooklyn, em Nova Iorque.
Outro trabalho da dupla pode ser visto no Brasil. Em 2014, os artistas de rua deixaram sua arte, um trio de mulheres belíssimas em um trecho de muro na Rua Inácio Pereira da Rocha, na Vila Madalena, em São Paulo.
Fresh Fruit
O tumblr Fresh Fruit (Frutas Frescas) do site Jive Time Records fez mashups da banana em capas de álbuns clássicas e outras nem tanto assim. Veja o trabalho como ficou:
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Mais homenagens e/ou paródias
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Até a próxima Art Rock!
Créditos: fotos reprodução Google e arquivo pessoal/divulgação