O ano de 1994 marcou grandes acontecimentos na indústria fonográfica: o ano do Tetra brasileiro foi palco para a morte do Kurt Cobain, a queda do grunge, a ascensão do britpop, o primeiro álbum do Weezer (!), entre várias outras coisas. Uma delas, pouco lembrada, é a estreia do Low.
O grupo foi formado um ano antes, pelo guitarrista Alan Sparhawk e pela baixista Mimi Parker. Longe do fuzz que predominava nas rádios da juventude dos anos 1990, a banda trouxe algum resquício daquilo que havia sido sintetizado com o krautrock da década de 1970 e uniu com alguns traços do pós-punk e do já decadente movimento shoegaze. Dessa mistura saiu I Could Live In Hope, em 1994.
Com temas versáteis – sempre intrínsecos aos sentimentos humanos, como medo, amor e esperança – o disco se cria como uma obra esteticamente obscura, levando o ouvinte a um passeio nos bosques nebulosos do início da década de 1980, quando bandas como The Cure e Siouxsie anos The Banshees levantaram aqueles que são os timbres taxados como góticos no meio musical.
As faixas são costumeiramente lentas, com dedilhados repetidos e vocais baixos: a faixa mais famosa, Lullaby, tem 9 minutos de duração e pouquíssima variação na construção sonora – apostando num crescimento turvo, denso e fantasmagórico. Algumas, apesar de curtas, também apresentam essas características, como é o caso de Fear, Sunshine e Slide (ambas facilmente associadas ao shoegaze). Sea é uma exceção (talvez a mais easy listening).
O disco é descrito como uma obra de slowcore (ou sadcore), que é um gênero desenvolvido no final dos anos 1980 com base nas batidas lentas de bandas de rock alternativo. Importante frisar que este é o primeiro álbum do Low, que conta com uma extensa discografia (o último trabalho foi lançado em 2015).
Um excelente final de semana a todos!!