GUILHERME ZEINUM
Parafraseando Chorão, os músicos autorais de Santos vivem, atualmente, mais “dias de luta” do que “dias de glória”. Embora ainda continue revelando novos talentos a cada ano, ainda faltam espaço, oportunidade e apoio para os artistas independentes difundirem seus trabalhos. Na Virada Cultural Paulista 2017, que acontece neste sábado e domingo, a banda de hardcore santista Garage Fuzz será a única representante da cena musical local na programação.
De acordo com informações da Secretaria de Cultura (Secult), a programação da Virada Cultural Paulista já vem toda fechada diretamente da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, com produção da APAA (Associação Paulista dos Amigos da Arte). A Secult informou ainda que, desde o primeiro semestre, o Departamento de Eventos da Secretaria de Turismo (Setur) virou o setor responsável por todos os procedimentos relacionados a eventos públicos.
Conforme divulgado previamente em comunicado à imprensa, “a programação da Virada Cultural Paulista tem os municípios participantes como correalizadores, ficando responsáveis pela montagem da infraestrutura de palco, som, segurança e limpeza, além de reforço à programação artística” (que este ano não aconteceu em Santos e várias outras cidades por alegação de falta de verba, mesmo com o apoio financeiro do Ministério da Cultura – pela primeira vez desde a criação do evento em 2007 – por meio do Fundo Nacional de Cultura e da Lei Rouanet).
Questionada sobre a não inclusão de músicos e bandas locais/regionais na programação complementar da Virada Cultural Paulista – já que o Garage Fuzz foi contratado via APAA/Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo – a Setur explica que “só em algumas edições a Prefeitura realizou atividades paralelas, sendo que este ano não houve dotação orçamentária”.
Para a banda Usina, um dos principais nomes da cena rock/metal de Santos, “a administração pública se mostrou alienada e indiferente a esta grande parte da cultura local, ignorando os músicos e bandas de qualidade da região”. Vale lembrar que os grupos locais de teatro e dança também foram esquecidos.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Setur, “a Virada Cultural Paulista é um evento do Governo do Estado, que arca com as despesas referentes às atrações. Toda estrutura do palco externo (Praça Mauá) ficou a cargo da Setur, e os palcos internos (Teatro Coliseu e Teatro Guarany), da Secult. Foram realizados todos os processos licitatórios necessários e ainda processos menores, cujo valor total atingiu aproximadamente R$ 80 mil, e podem ser verificados publicamente”.
Na ata da sessão pública do pregão referente ao processo nº 29347/2017-38 consta: “Prestação de serviços de execução de montagem, desmontagem, incluindo mão-de-obra da infraestrutura com palco, gradil, barricada e demais equipamentos necessários à realização dos shows da Virada Cultural 2017, evento a ser realizado no Centro Histórico de Santos, nos dias 27 e 28 de maio de 2017, atendendo a todos os requisitos e características técnicas descritas no Memorial Descritivo e Planilha de Serviços e Preços, que constituem os Anexos VII e VIII, respectivamente, do edital. Pelo critério de menor preço, foi adjudicado o objeto do lote da licitação à empresa SELT – SERVICOS ESTRUTURAS LOCACOES TEMPORARIAS EI com o valor R$ 37.705,00”. Porém, a diferença para os R$ 80 mil informados pela assessoria de imprensa da Setur não foi detalhada.
Em contato por telefone, a APAA comunicou que toda a programação da Virada Cultural Paulista 2017 já estava fechada há algum tempo, incluindo um artista local, e que não tem responsabilidade sobre eventuais programações complementares por parte das secretarias municipais.