O que você está procurando?

Geral

Brasileirão FM #2: Fla-Flu do rock, Timão Maia,marchinha à mineira e funk alagoano

E a coluna Sport n’ Roll segue passando pelas arquibancadas da Série A do Campeonato Brasileiro com o Brasileirão FM. A fim de saber os ritmos que a torcida brasileira tem cantado, continuamos passeando pelo território nacional.

No primeiro texto da série Brasileirão FM, passamos pelo sul e sudeste (com rápida escala no nordeste). Athletico-PR, Atlético-MG, Avaí, Bahia e Ceará foram as bolas da vez. Agora, a parada segue praticamente concentrada no Sudeste, com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas sem deixar de dar aquele pulinho no Nordeste, dessa vez em Alagoas.

E com Corinthians, Cruzeiro, CSA, Flamengo e Fluminense, veremos de tudo. De Fla-Flu roqueiro, ao “embrazar” do funk alagoano e o resgate de Tim Maia e das marchinhas carnavalescas.

Continua depois da publicidade

Então, partiu! Sem essa de cadeira numerada, vamos de arquibancada porque tem mais emoção!

Corinthians: Não Quero Dinheiro (Tim Maia)

Carioca e nascido ao lado da sede do tradicional América-RJ, nunca houve uma informação concreta para qual time Tim torcia. O Síndico gravou versões dos hinos de Flamengo, Fluminense, Vasco e América-RJ. Na biografia do cantor foi descrito pelo seu grande amigo e autor da obra, Nelson Motta, como um “vascaíno relapso e americano eventual”.

O fato é que a praia de Tim Maia, na verdade, não era o futebol e, sim, a música. E o cantor deu letra e voz a Não Quero Dinheiro, um dos principais sucessos da sua carreira, gravado em 1971, no álbum que levava o seu nome.

Na época do lançamento da canção o Corinthians vivia a maior seca de títulos da sua história. Foram 23 anos sem conquistar nada e o jejum foi encerrado apenas em outubro de 1977 com a conquista do Campeonato Paulista em cima da Ponte Preta.

Continua depois da publicidade

42 anos depois, a música que embala a torcida corintiana é aquela que embalava o Brasil em dias difíceis ao Timão.

A adaptação corintiana no Brasileirão FM

Ainda sinônimo de alegria nos bailes e festas: “a semana inteira fiquei te esperando pra te ver sorrindo, pra te ver cantando. Quando a gente ama não pensa em dinheiro, só se quer amar, se quer amar, se quer amar”.

Para os fieis: “a semana inteira fiquei te esperando, pra te ver Corinthians, pra te ver jogando, quando a gente ama não mede esforços pra te ver jogar, te ver jogar, te ver jogar”.

E o canto prossegue com “Não tem brincadeira, vou vestir o meu manto, manto alvinegro, tem que ter respeito. Amor a camisa, vou com o Corinthians em qualquer lugar”. Aqui, contrasta com o “de jeito maneira, não quero dinheiro, quero amor sincero, isso é o que eu espero. Grito ao mundo inteiro, não quero dinheiro, eu só quero amar”.

Continua depois da publicidade

E se engana que o grito fica apenas no refrão. “Vou pedir pra você ficar, vou pedir pra você voltar. Eu te amo, eu te quero bem. Vou pedir pra você gostar, vou pedir pra você me amar. Eu te amo, eu te adoro, meu amor…”

Virou: “vou cantar pro Timão ganhar, vou cantar pro Timão ganhar. Eu te amo, Coringão, eu te quero bem. Vou cantar pro Timão ganhar, vou cantar pro Timão ganhar. Eu te amo, eu te adoro, meu amor”.

Cruzeiro: Me dá um Dinheiro Aí (Marchinha de Carnaval)

Uma das marchinhas de carnaval mais antigas, mas nunca esquecida, Me dá um Dinheiro aí foi escrita em 1959. Composta pelos irmãos cariocas Glauco, Homero e Ivan Ferreira, a canção foi regravada por inúmeros nomes da música brasileira como Martinho da Vila, Beth Carvalho e Moacyr Franco.

Quase 50 anos depois, com requintes históricos e de provocação ao rival, a música virou grito da torcida cruzeirense.

Continua depois da publicidade

Depois de conquistarem a Tríplice Coroa em 2003, vencendo o Campeonato Mineiro, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, e ter visto o seu arquirrival, o Atlético-MG, ser rebaixado para a segunda divisão em 2005, a torcida cruzeirense não poupou gozação diante do rival e levou uma nova versão da famosa marchinha às arquibancadas.

Nela, o “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí”, torna-se: “Ei, você aí, 2003 eu ri, 2005 eu ri”. E os cruzeirenses continuam e o “Não vai dá, não vai dá não, você vai ver a grande confusão, eu vou beber, vou beber até caí, oh me dá, me dá, me dá, oh me dá um dinheiro aí”, torna-se: “o cachorrada não chora não, o seu timinho é segunda divisão, eu vou beber, vou beber até caí, oh 2003, oh 2005 eu ri”.

https://www.youtube.com/watch?v=unOXBULhYpY

CSA: Vai Embrazando (MC Zaac)

Você pode não saber quem é MC Zaac, mas certamente em algum momento escutou o refrão de Vai Embrazando.

E se o verbo embrazar não está no dicionário, os torcedores do CSA trataram de achar um significado para o termo.

Continua depois da publicidade

Recém-chegado à Série A do Campeonato Brasileiro, depois de 32 anos transitando por divisões inferiores, o Azulão tem levado a criatividade nordestina às arquibancadas da elite do futebol nacional em 2019. Mas, essa criatividade da torcida do CSA não é novidade, não.

Em 2017, às vésperas da final do Campeonato Alagoano, contra o seu arquirrival, o CRB, cada torcida adotou um funk pra embalar suas equipes na decisão. Enquanto o lado vermelho de alagoas ficou com Olha e Explosão, do MC Kevinho, a torcida do CSA adotou o Vai Embrazando, do MC Zaac.

Na canção, uma espécie de storytelling é feito e a música conta uma eventual história do dia do título. Na narrativa, o CSA sai vencedor com três gols do atacante Clayton garantido o 38º título estadual ao Alviceleste. Entretanto, a vida não imitou a arte e o “É 38” do refrão só veio no ano seguinte, em 2018, quando o CSA finalmente venceu o “Clássico das Multidões”.

Flamengo: Viva la Vida (Coldplay)

E a primeira música internacional a ser adotada por uma torcida brasileira é Viva la Vida, da banda britânica Coldplay. A torcida do Flamengo, que tem versão de diversas outras canções em seu repertório, usou de uma das mais famosas canções da banda londrina.

Continua depois da publicidade

A canção foi escrita por um torcedor, Leon Gabriel, que enviou a letra para a torcida uniformizada Raça Rubro-Negra. Dois anos se passaram entre o envio, em 2011, e a primeira vez que ela foi entoada no estádio, em 2013. Na ocasião foi feita uma grande propaganda para o início da canção nas arquibancada flamenguistas. E o jogo de inauguração da versão rubro-negra de Viva la Vida foi escolhida a dedo, um clássico contra o Botafogo pela Taça Guanabara de 2013.

E a arquibancada do Engenhão foi abaixo com:

“Flamengo aqui estou
Te sigo por onde for
Eu sempre vou te apoiar
Se você perder, se você ganhar


És time de tradição, raça, amor e paixão.
Tenho orgulho de ti, Mengão
Sei que seremos o campeão


Domingo o “Maraca” estará lotado
E o gramado iluminado
E eu vou cantar ao mundo inteiro
Que alegria de ser Rubro-Negro

Quando o Flamengo no gramando entrar
Com toda Raça eu vou cantar…”

Continua depois da publicidade

E quando na música original, o vocalista Chris Martin engata o seu “Oooh oh oh”, a torcida flamenguista pulsa um recorrente “Mengo oh oh”.

Fluminense: Rádio Pirata (RPM)

A banda RPM lançou em março de 1985 o álbum Revolução por Minuto, justamente o significado da sigla que dá o nome da banda. A música de trabalho do álbum foi Olhar 43. Entretanto, Rádio Pirata, que abriu o álbum, não ficou apenas nos discos, foi parar nas arquibancadas cariocas. E na Brasileirão FM.

O vocalista do RPM, Paulo Ricardo, viu a música composta por ele e pelo tecladista Luís Schiavon ser cantada pela torcida do Fluminense, seu time do coração. A música embalou o Tricolor na conquista do seu terceiro título brasileiro, em 2010.

A torcida do Fluminense adaptou apenas o refrão da canção, o que já foi o suficiente para emocionar o torcedor Paulo Ricardo. Em 2016, em uma entrevista ao portal G-Show, Paulo disse que a paródia da música é o seu maior orgulho.

Continua depois da publicidade

Com isso, a adaptação faz com que o “toquem o meu coração, façam a revolução que estar no ar, nas ondas do rádio, no submundo repousa o repúdio e deve despertar”, tornou-se:”vamos, pra cima Fluzão, quero gritar campeão. Vamos lutar por mais essa taça. Vamos Fluminense, com garra e com raça. Não pare de gritar”.

A torcida do Athletico-PR também se apropriou da paródia, mas não tem jeito, ela tem a cara e a identidade do Fluminense, pois foi escrita justamente por um Tricolor.

Continua depois da publicidade

COLUNAS

Advertisement

Posts relacionados

Gringolândia

A cantora Kacey Musgraves divulgou sua versão para Three Little Birds, clássico de Bob Marley. A faixa faz parte da trilha sonora da biografia...

Gringolândia

A segunda temporada da série original da Paramount+ Yellowjackets estreou em março e a trilha sonora teve mais uma faixa revelada, No Return, que...

Gringolândia

Tame Impala (Kevin Parker) lançou o single Wings of Time, uma canção original escrita para a trilha sonora do filme Dungeons & Dragons: Honor...

Publicidade

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados

Desenvolvimento: Fika Projetos