Quem nasceu nos anos 1990, assim como eu, certamente foi muito influenciado pelo Linkin Park e principalmente pelas letras do Chester Bennington. Na noite de quinta-feira (20), data em que foi anunciada sua morte, saí à procura do meu disco do Meteora, que vivia rodando no meu antigo discman. De tanto ser carregado na mochila junto com o Fallen, do Evanescence, sua capa de plástico já estava quebrada e uma folha do encarte estava faltando. Foi um dos álbuns que mais ouvi quando pequena. Suas letras estão guardadas no meu coração. Ele fez parte da minha vida e ajudou a moldar o gosto musical que tenho hoje.
Dezenas de bandas de metalcore prestaram tributos, escreveram mensagens de amor e carinho no dia da morte de Chester. Como muitos, também passei horas ouvindo minhas músicas favoritas da banda, identificando cada um dos trechos das músicas em que o sentia vivo, para enviá-lo um pouco do meu amor.
Não à toa, o Linkin Park também influenciou muitas destas bandas. Do som pesado às batidas eletrônicas, da voz equilibrada de Chester aos gritos, às letras mais líricas, é possível encontrar as sementes plantadas pelo LP em muitos trabalhos. Com a notícia de seu suicídio anunciada no mesmo dia do aniversário de Chris Cornell, amigo do vocalista que morreu da mesma maneira, o mundo musical se voltou novamente à necessidade de falar sobre a importância da saúde mental.
Ao contrário do que possa parecer para muitos, o metalcore não transmite apenas mensagens negativas. Na verdade, ele mostra saídas, conselhos, oferece palavras de ajuda e empatia. A partir de momentos de sofrimento, o estilo musical oferece força, encoraja e abre espaços para debater as dores da alma, a depressão, os esforços e as tristezas – para evitar que muitas pessoas se sintam sozinhas.
Uma série de bandas são provas disso. Memphis May Fire, Northlane, Of Mice & Men, We Came As Romans, August Burns Red são apenas algumas das que escrevem sobre seus sofrimentos para ajudarem os próximos, da mesma maneira que Chester fez no Linkin Park. O vocalista do August Burns Red, Jake Luhrs, por exemplo, é fundador de uma iniciativa chamada Heart Support. Ela nasceu do seu desejo de ajudar os fãs que lutavam contra depressão, vícios em drogas ou álcool e pensamentos suicidas. O site é uma comunidade que busca trazer esperança a partir do testemunho de outras pessoas, encontros e música.
Em festivais, o assunto também costuma estar em pauta e os músicos procuram falar sobre o assunto em encontros com os fãs, principalmente os mais jovens. E embora grande parte das bandas que trabalhem com estes assuntos sejam cristãs, isto não é regra na cena.
Entre as bandas que prestaram homenagens ao Linkin Park, o Sylar deu início à venda online do cover da música Points of Authority. Todo o dinheiro arrecadado com a venda será doado ao National Alliance on Mental Illness (NAMI). A banda é fã de Linkin Park e gravou a música por diversão durante uma sessão em estúdio.
Músicas que salvam vidas
É comum encontrar pessoas que digam que uma música salvou a vida delas. Artistas ouvem muito isso dos fãs e isso aumenta a responsabilidade em seus ombros quando escrevem uma música. Compartilhar dores e histórias faz com que todos cresçam juntos.
Abaixo, confira a playlist que preparei com algumas faixas com mensagens positivas, encorajadoras e confortadoras. Escolha a música que mais toque seu coração e faça dela um mantra. Legacy e Divinity, do Memphis May Fire, são as minhas. Adicione as suas, a playlist é colaborativa! E não esqueça: você nunca está sozinho. Uma conversa, um elogio, uma amizade, um abraço, uma música. Pequenos gestos podem salvar a vida de alguém que amamos.
Caso você ou alguém que você conheça precise de ajuda, ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV), ou acesse o site da entidade. O atendimento é anônimo e gratuito.
