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Breakdown - Danielle Cameira

Breakdown #41: Asking Alexandria expande seus limites e se abre aos ouvintes em novo disco

Faltavam cinco dias para o lançamento do primeiro álbum de estúdio completo dos britânicos do Asking Alexandria desde a volta de seu vocalista original, quando o guitarrista Ben Bruce fez um apelo aos fãs. “A música não tem fronteiras e é por isso que espalha tanta esperança e amor ao redor do mundo. Empire é uma música incrivelmente revigorante. Eu imploro a vocês que mantenham a mente aberta e tomem nota da letra”, escreveu no Twitter.

Apesar de muitos apreciadores raiz do metalcore insistirem em torcer o nariz para aquilo de há de mais comercial na cena, é preciso abrir os horizontes para o Asking Alexandria. Nos últimos anos, a banda passou pela troca de uma peça chave do quinteto – o vocalista Danny Worsnop -, lançamento do disco The Black, rompimento repentino com o então frontman ucraniano Denis Stoff.

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A volta de Worsnop era muito aguardada. Primeiro porque ele é um membro fundador da banda, ao lado do guitarrista Ben Bruce. Em segundo lugar, porque sua voz, estilo excêntrico, letras e inspiração fazem parte da essência do que é o Asking Alexandria. Com seu retorno, anunciado no ano passado, a expectativa era que o novo disco simbolizasse o tal “retorno triunfal” do vocalista.

O resultado, obscuro, pesado e ao mesmo tempo complexo está na íntegra, no final deste post.

https://twitter.com/benjaminbruce/status/939999273722175488

O sexto álbum da banda, o quinto com Danny Worsnop nos vocais dificilmente lembra os primeiros trabalhos dos britânicos. Esqueça o espírito do Stand Up And Scream, esqueça a energia alucinante do Reckless & Relentless, esqueça os versos niilistas e totalmente embriagados após vários shots de Fireball. A volta de Danny provou que os músicos estão mais concentrados e realmente maduros em relação ao início de sua carreira em 2006/2007. A vida cobrou, a idade começou a pesar e as experiências musicais de todos provaram que existia um novo caminho a seguir – sem deixar de lado a alma do metalcore.

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Ao dar o play no disco pela primeira vez, o ouvinte logo é tomado por uma introdução que já surpreende. Ela se encaixaria com naturalidade em uma canção do Bring Me The Horizon ou do antigo Of Mice & Men. Ao desfazer essa primeira estranheza, o ouvinte se vê tomado por um refrão vibrante, com um Danny Worsnop incapaz de negar sua influência pelo hard rock. Sua voz está mais rasgada, mais natural e melódica como nunca. Quem já ouviu o projeto paralelo do músico, o We Are Harlot, nota rapidamente a diferença no estilo do vocalista.

Já a segunda faixa, Into The Fire, foi o primeiro single lançado pela banda. Como nas demais letras do disco, a intenção é sair da dor, do sacrifício, da solidão, das situações que causam dor – psicológica, principalmente. Into The Fire, seu refrão e toda a música se abrem lentamente para um breakdown que era tudo que os fãs esperavam. É uma música completa.

Hopelessly Hopeful assusta nos primeiros segundos. Enquanto você ainda está se recuperando do fim de Into The Fire, começam uma música com uma pegada mais eletrônica e acelerada. Lembre-se do tweet do início deste texto: mantenha a mente aberta. Escrita por Ben Bruce e Danny, a música fala sobre tentar manter a esperança e a cabeça erguida nos piores momentos, quando parece não haver saída.

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Preparado para mais uma? Where Did It Go? também foi um dos singles do disco self titled e se causa estranheza pelo flow do vocalista, conquista pelo refrão encantador e pesado assim como o de Into The Fire. Ao chegar nesta faixa, é provável que todos já estejam mais abertos às novas fronteiras da banda.

Rise Up é mais uma música em que se sente toda a influência do hard rock na voz de Danny Wornsop. Seja pelo instrumental ou pelo breakdown, os fãs mais antigos da banda estão “em casa”. Em outra faixa incrível, When The Lights Come On, a sensação se repete, com adição de alguns elementos eletrônicos que não tiram o sentido da canção.

Uma letra chama a atenção pelo niilismo exagerado e doloroso sobre a vida sob a redoma do sistema em que vivemos – independentemente de orientações políticas ou econômicas: Under Denver. A ideia de que não temos a chave do nosso destino, que tomam nossas verdades e liberdades em troca de segurança é pesada, real, mas velada. A razão de ser da letra parece ser justamente este questionamento.

Vultures é o hino hard rock do álbum. Delicado como nada cantado pela banda até então. Ela pede para ser cantada em voz alta!

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Saudades do antigo Asking Alexandria? Um conselho: dê play repetidamente em Eve. Pesada, gritada e um ótimo refrão melódico. Segundo o vocalista, a ideia era que ela fosse como uma conversa entre Eva e a cobra que a convenceu a comer a maçã que a tiraria do paraíso para sempre. “É o diabo no seu ombro. É algo como uma lição de vida”, disso à revista Alternative Press. Lembra a estilo ouvido em Reckless & Relentless. Outras canções que surpreendem pelo equilíbrio e pela identidade são Am I One e Room 308.

A música que Ben Bruce mencionava quando pedia a mente aberta de seus seguidores era Empire, que tem uma mensagem muito otimista sobre perseverança. Ela tem algo que a banda ainda não havia testado: rap, já empregado por outras bandas como o Sleeping With Sirens, por exemplo. Tanto Bruce quanto Worsnop gostam de rap, hip hop e queriam algo deste estilo no novo disco, mas com o instrumental típico do Asking Alexandria. Nada de uma música 100% digital.

Quando tiveram a ideia, o nome escolhido para preencher a lacuna de rapper foi MGK, amigo dos músicos (ele já tinha participado da faixa Alone, do Sleeping With Sirens). O cantor não encontrou tempo para gravar sua participação, por isso Bruce e Worsnop desistiram. Partiram para outra e procuraram por Yelawolf, que também não deu atenção no prazo que a banda precisava.

A saída foi abrir as portas para um novo nome, um rapper talentoso que se empolgasse em participar do disco. O artista cuja participação especial atraiu a atenção dos fãs foi Bingx, um músico de Seattle, dono de uma voz aveludada, capaz de transitar confortavelmente entre o rap, soul e jazz. Para o Asking Alexandria, foi um passo enorme, surpreendente. Quais novas surpresas a banda é capaz de nos reservar no futuro?

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Ouça o disco na íntegra:

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