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Breakfast in America: A magia do Supertramp

RICARDO AMARAL

Uma vez eu saia do Colégio Santista, como sempre caminhando pela Rua Sete de Setembro até alcançar o trólebus 53, que via Canal 3 até o Orquidário e passei por uma janelinha no Centro e escutei um som…. Não sei bem dizer o que senti naquele momento. Nunca havia ouvido aquilo. Era 1980. Uma voz em falsete, um piano Elton John e um saxofone mágico. Era Logical Song! Supertramp traz consigo toda a magia de minha juventude. Foi a banda que desenhou meus sonhos e momentos desde a puberdade até hoje.

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Breakfast in America é um marco na música pop. Além de trazer consigo os dois maiores hits de vendagem da banda, é ele o disco mais vendido do Supertramp, chegando aos 15 milhões de álbuns em dez anos. É difícil comparar álbuns e momentos.

Crime of the Century (1974) e Even in the Quitest Moments (1977) são obras de arte, mananciais de delicadeza e lirismo que misturam todos os tipos de tendências do pop rock. Mas este disco é ouro. O disco foi o sexto gravado pela banda e o primeiro em Los Angeles, após sairem do Canadá.

Gone Hollywood começa com um fade de piano no estilo “carnival” antecedendo a harmonização única de Richard Davies e Roger Hodgson. Depois dos primeiros dois versos, uma longa sessão começa com um súbito mas expressivo solo de saxofone por John Helliwell, o “Som do Supertramp”. Com o vocal de Davies uma certa tensão se apresenta, crescendo e acentuando o ritmo com “arpeggios” de piano.

The Logical Song é de um brilhantismo único. A métrica poética de Roger Hodgson é uma quadra de versos todos com rima em redondilha menor. As maracas e o piano elétrico, a sensação de estar flutuando pelas rimas repetidas, como se fosse quase português para quaisquer ouvidos. Em sua poesia Hodgson critica o sistema de ensino e o esquecimento das coisas simples que trazem o verdadeiro conhecimento. Logical Song foi o maior hit comercial da banda.

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Disparada a minha favorita, Goodbye Stranger é uma perfeição! O piano Wurlitzer de Davies abre uma ode vocal inesquecível, com harmonia e letra excepcionais. A canção vai se desenvolvendo como uma rapsódia, até o intervalo mágico de “adaggio”, sob o assovio de Davies. A poesia conta o drama e as agruras de um garoto de programa. O final épico com o solo da guitarra fender stratocaster de Roger Hodgson é uma daquelas coisas maravilhosas, que não se cansa de escutar. Uma maldita coletânea, lançada no Brasil, corta o solo pela metade. Eu tenho, mas nunca mais escutei. Raiva!

Breakfast in America era uma poesia de Hodgson composta aos seus 15 anos, após uma visita a Los Angeles. Uma marcha inglesa de cidade do interior, o destaque para o bombardino dando o compasso no local do baixo. Um solo monstruoso de sax soprano e um final delicadíssimo. Como Lennon e McCartney, Hodgson e Davies alternam suas composições. É tão clara a diferença entre os estilos que fica difícil você dizer que esse ou aquele é a característica da banda.

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Oh Darling é um blues, dentre vários de Rick Davies. Take the Long Way Home vem “se introduzindo” com estacadas graves no piano, até que o lirismo mágico da harmônica de Roger invade o espaço, dando início a mais uma esplêndida harmonização entre música e letra sob a batuta de Hodgson. “Então você pensa que é Romeu? Encenando seu papel no show? Mais uma vez a poesia de Roger Hodgson nos entra suavemente como uma tarde ensolarada.

Doçura de Lord It’s Mine é de fazer chorar. O falsete altíssimo de Hodgson e o delicado solo de clarinete por Helliman que entoa a candura da letra. Na letra, pérolas existenciais como “Você sabe que fico tão cansado, das batalhas nesta vida, e muitas vezes parece que você é a única esperança à vista”. Uma oração de fé na vida e no amor.

Meu destaque final vai para Child of Vision. Não sei como não me matei ouvindo isso no meu TKR de gaveta, em cima do Tojo com leds laranjas, dentro do meu passar LS vermelho!!! Isso era um hino para mim. “Quem você pensa que engana, dizendo que está se divertindo?”

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Mais uma obra de arte deste disco inesquecível em minha vida. Em nossas vidas!!! Você que esteve ali, bem ali, no meio disso tudo. Você que viveu esta época na melhor época de sua vida sabe exatamente o que estou sentindo agora! Eu amo Supertramp!

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