Desde que foram ouvidos os seus primeiros riffs que o bom e velho rock n roll vem revolucionando o universo musical, difundindo continuamente sua essência e rebeldia através de novas vertentes.
Invariavelmente todas essas veias musicais se desenvolveram influenciadas por uma série de razões. Entre as mais importantes estão: as raízes musicais espalhadas mundo afora, as frequentes inquietações artísticas e os movimentos sociais e culturais de toda ordem.
Contudo, há de se acrescentar nesse contexto a importância significativa de outros fatores como: o aperfeiçoamento dos instrumentos musicais, a evolução tecnológica aplicada especialmente na reprodução e amplificação do som, bem como no sistema de iluminação dos palcos e toda a infraestrutura necessária para sua execução.
A conjunção de todos esses elementos foi fundamental para possibilitar a transformação de shows de rock em grandes eventos musicais.
E foi nesse cenário que um novo subgênero do rock se formou, entretanto, é oportuno observar que sua formação não se deu através da atuação e dos estilos musicais de seus criadores, como normalmente ocorre. Desta vez ele se manifesta pela forma, pela arquitetura, pela potência e gigantismo de sua performance.
Literalmente podemos dizer que entra no campo do rock: o rock de arena.
Entenda o rock de arena
O nome rock de arena, como sempre, veio depois, porém, para falar de sua origem vamos citar o nosso saudoso Kid Vinil, que em seu livro Almanaque do Rock destacou o assunto.
“A denominação rock de arena passou a ser usada a partir da década de 1970, quando as bandas de hard rock e heavy metal começaram a ganhar popularidade e a lotar estádios e arenas…”
Bem, na realidade, é fato que em certo momento os palcos e ginásios até então utilizados para shows de bandas de rock, ficaram antiquados, visto que as bandas começaram a usar equipamentos e aparelhagem de som cada vez maiores e mais potentes.
Ademais, as bandas começaram a investir massivamente em projetos audaciosos com o firme propósito de produzir grandes espetáculos para grandes plateias.
O rock de arena foi largamente divulgado comercialmente pelas emissoras de rádio, TV e mídias especialidades e contribuiu sobremaneira para as vendagens de discos.
Entre outros nomes, o rock de arena também é conhecido pejorativamente por “rock corporativo”. Motivo? Receber patrocínios de marcas famosas para seus concertos e turnês.
Hollywoodianas
Além dos enormes palcos e toda parafernália de equipamentos de som e iluminação, os shows recebiam produções Hollywoodianas. Em síntese, apresentações dramáticas, fumaças coloridas, fogos de artifício e muitos efeitos especiais.
Sua estética se completava com figurinos extravagantes, cabelos compridos, vozeirões com refrões simples e marcantes. Ademais, uma imensa bateria e solos apoteóticos de guitarra e teclado.
Posteriormente os shows foram incrementados com enormes telões, bonecos infláveis e outras alegorias.
Controvérsias
Rock de arena também convive com certas controvérsias. Muitos críticos questionaram a posição de vários músicos que têm seu foco no espetáculo de rock. Todavia, acreditam que é o apelo de massa em detrimento do mérito artístico.
Outro fato que também recebe críticas é quanto ao afastamento maior entre o artista e seu fã. Isso ocorre tanto pela falta de proximidade entre a plateia e artista, como também pelo custo elevado para assistir.
De qualquer forma, o rock de arena se tornou popular em todo mundo e vem sendo bem sucedido até hoje.
Representantes do rock de arena
Entre as principais bandas que representaram o rock de arena em sua primeira geração estão Asia, Boston, Bad Company. Ademais, BTO (Bachman Turner Overdrive), Foreigner, Grand Funk Railroad, Journey, Kansas, Peter Frampton, Styx.
Nessa relação também pode-se encaixar nomes como AC/DC, Aerosmith, Alice Cooper, Kiss, Queen, Van Halen, Genesis e outros.
Posteriormente, vieram bandas como Bon Jovi, U2, Guns n’ Roses, Metallica, entre outras.
Curiosidade
Em 1965, os Beatles se apresentaram no estádio de Baseball Shea Stadion em Nova York, nos Estados Unidos. Foi o primeiro show realizado em estádio aberto e recebeu cerca de 55 mil pessoas. Um recorde para a época.
Anos depois, os Beatles desistiram de tocar ao vivo e um dos motivos foi a baixa qualidade do som que era abafado pela gritaria da plateia. Certa vez, Ringo comentou que ele tocava sem saber qual era a música que seus companheiros estavam tocando.
Vinte e cinco anos depois, em 1990, Paul McCartney se apresentou para mais de 200 mil pessoas aqui no Brasil, no estádio do Maracanã. Desta vez, pude testemunhar in loco e o som estava perfeito. Ademais, esse show está no Guiness Book, como o maior público de um único artista.
Rock abraço
Aldo Fazioli
