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Criaturas da Noite – O clássico subvalorizado d’O Terço

O tema de hoje do ruídos é, como vem acontecendo mais frequentemente, de terras brasileiras. Depois de uma profunda escavação no baú do rock tupiniquim, descobri aquela que é uma das grandes bandas expoentes do progressivo no país: O Terço.

Fundada por Vinicius Cantuária, Sérgio Hinds e Jorge Amiden, a banda começou apostando no rock tradicional. Em uma época dominada pelo Pink Floyd, pela extravagância cultural e por um virtuosismo sonoro crescente, esse quadro não demorou pra mudar, e o trio logo aderiu ao básico da psicodelia e do progressivo. E foi a melhor decisão que poderiam ter tomado.

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Contextualizando: em 1975, no Brasil, apenas Os Mutantes – após a saída de Rita Lee – haviam adquirido certa visibilidade fazendo rock progressivo. Poucas eram as bandas que tinham a audácia e a habilidade necessária pra fazer acontecer um gênero que requer, em teoria, muita dedicação e capacidade. Isso mudou um pouquinho quando Criaturas da Noite, terceiro registro em estúdio d’O Terço, foi lançado.

O disco, apesar de não ter o feedback que os grandes astros da música popular vinham recebendo na época, foi importantíssimo para a difusão do gênero no país. A mistura do progressivo com o rock rural, somado ao apelo pop das canções, ajudou a tornar o gênero mais acessível para os ouvintes brasileiros e – junto com o Lar de Maravilhas, do Casa das Máquinas – também abriu muitas portas para bandas expoentes do gênero que viriam a surgir no país.

A versatilidade do álbum, que atira tanto no próprio gênero quanto no folk e no hard rock, é um dos diferenciais que o tornam irresistível. Enquanto a excelente faixa de abertura (Hey Amigo) atinge vertentes do hard rock e do rock psicodélico, a faixa seguinte (Queimada) aposta em algo mais folk e rural, com passagens que lembram Simon & Garfunkel. E essa mistura se estende por todo o disco. Volte Na Próxima Semana, por exemplo, tem um riff que poderia ter sido criado pelo Iron Maiden nos anos 1980.

Todas esses conceitos se unem de forma libertadora em 1974. A faixa marca um momento de epifania sonora, com 12 minutos repletos de idas, vindas, misturas audaciosas, fugas da métrica, solos de diferentes instrumentos e um enorme ar sinfônico. Um resumão do disco em uma única faixa, que talvez seja a mais progressiva do mesmo. Recomendada tanto para os fãs mais assíduos do King Crimson quanto para aqueles que preferem algo mais acessível dentro do gênero, como Supertramp.

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