Bem-vindo a mais uma edição do Ruídos, a revista digital mais underground da Baixada Santista. Hoje o tema passeia pelo cenário independente da dance music inglesa.
O Saint Etienne (que, apesar do nome, vem da Inglaterra) surgiu da ideia ambiciosa dos jornalistas Bob Stanley e Pete Wiggs de mesclar elementos da dance music com o espírito das canções pop britânicas dos anos 1960 e 1970. A ideia, que parecia inviável, se tornou possível com a ascensão do alternativo despertado pelos anos áureos da MTV, na década de 1990. Se tornou, com passar dos anos, uma referência para o público identificado com a música indie, e carrega o fardo de influenciar toda uma geração de indies dançantes.
O primeiro disco, Foxbase Alfa, foi de prima seu maior sucesso. Lançado em 1991 (que costumo rotular como o melhor ano da música), o trabalho traz a presença de três vocalistas femininas. A presença mais marcante ficou por conta de Sarah Cracknell. Sua voz aguda é o carro chefe de Nothing Can Stop Us, faixa mais contagiante de toda a obra e que carrega uma frase de flauta grudenta (de uma forma positiva). A performance ficou tão marcada que Cracknell assumiria o posto de vocalista oficial dali em diante.
O trabalho ainda conta com uma versão dançante de Only Love Can Break Your Heart, do Neil Young, com vocais por conta de Moira Lambert. A canção apresenta uma visão claramente menos intimista, mas que funciona incrivelmente bem – tão bem que se tornou o hit principal dos britânicos. Convenhamos: Neil Young nas baladas é um assunto seríssimo. Outra versão que se deu bem nas rádios foi a de Kiss and Make Up, originalmente do Mildred Pierce, que se tornou conhecida nas mãos do grupo inglês.
Pra quem não tem tanta paciência, recomendo que ouça apenas as faixas aqui citadas. O disco passa longe de ser difícil, mas pode soar repetitivo no começo – levando em conta o clima de disco music que permeia todas as faixas. Algumas, como Stones To Stay The Least e Like the Swallow, passam dos sete minutos de duração, o que pode vir a ser um empecilho para quem se interessou pelo tom descompromissado que a banda propõe nas faixas principais.
Mas… se você não se importa com isso e só quer curtir um som enquanto faz qualquer tipo de atividade, vai fundo e coloca pra funfar. Dá pra dançar em casa quando não tem ninguém. Ou quando tem, também – se você já não se importa mais com nada.
https://youtu.be/bSuxnF8dOPU
Outras faixas que destacaria aqui são as densas Girl VII e Sprint – que fazem uma dobradinha incrível dentro do contexto do disco. Não ouvi os discos posteriores (pretendo), mas fica aqui a deixa pra quem se interessar: o Saint Etienne possui 13 discos lançados, entre os quais se encontra um de 2017. Quem ouvir e gostar, tem a permissão de mandar o feedback aqui no blog. Um excelente final de semana pra todo mundo.