Neste 18 de fevereiro completam-se 40 anos do lançamento de um dos principais discos do punk, o clássico debute do The Damned: Damned Damned Damned.
Após conseguirem um barulho com o single considerado marco zero do punk inglês New Rose (com direito a cover de Help, dos Beatles, como B-side), o The Damned embarcou numa tour com Sex Pistols, The Heartbreakers e The Clash, a famosa Anarchy Tour, que aconteceu em dezembro de 1976. O single do Damned saiu em outubro, enquanto Anarchy in the UK, do Sex Pistols, estourou em novembro.
https://www.youtube.com/watch?v=rTfyUqVqX-0
A polêmica tour cercada de sensacionalismo nos tabloides ingleses sobre o “perigo” das bandas punks que invadiam as ruas da Inglaterra, tecnicamente não deu muito certo, com várias apresentações canceladas e o Damned pulando fora pouco tempo após começar. Mas entrou para história por juntar as principais bandas que ajudaram a difundir o punk no Reino Unido. É de conhecimento também que o Damned entrou para tour porque já havia lançado um single, estavam fazendo bastante shows e atraindo atenção, mas depois do incidente do Sex Pistols no programa de Bill Grundy, Malcolm McLaren já não via muita necessidade de ter o Damned junto ali. Os seus pupilos do Sex Pistols podiam brilhar por conta própria.

Quatro meses após o primeiro single, o Damned lançou o álbum Damned Damned Damned, gravado em dez dias por Nick Lowe e, na época a formação era David Vanian (vocais), Captain Sensible (baixo), Brian James (guitarra) e Rat Scabie (bateria). Formação essa que durou uns dois anos e pouco, depois disso todos foram se odiando, baterista odeia o vocalista, baixista (que depois veio se tornar guitarrista) odeia o baterista e demitiu o guitarrista e por ai vai. Os únicos que levam a banda até hoje são o vocalista David Vanian e o guitarrista Captain Sensible.
No início, o disco não foi tão bem acolhido pela imprensa inglesa, comparada a outros da época como o debute do Sex Pistols ou The Clash. Um pouco diferente das bandas citadas, o Damned tinha um jeito mais bem humorado de levar as coisas e de tirar sarro de si mesmos (vide capa). Musicalmente o disco também era mais acelerado, energético e urgente.
Apresentação gravada pela BBC Radio no Paris Theatre em 1977 em ótima qualidade.
Você pode conferir um pouco da história deles no documentário The Damned: Don’t You Wish That We Were Dead (particularmente não sou muito fã desse doc, assisti no In Edit em SP, junto com diretor e achei um pouco fraco, explorando pouco a história da banda). Mas é interessante ver como eles foram injustiçados durante boa parte da carreira, mesmo lançando ótimos discos, se reinventando e pouco parando durante os anos.
Damned Damned Damned abre com a porrada Neat Neat Neat e fecha com um cover de quem começou a porra toda seis anos antes, I Feel Alright, do Stooges (ou “1970”).
Depois lançariam o (ótimo) Machine Gun Etiquette, caminharam por fases do pop ao gótico e estão na ativa até hoje lançando discos e fazendo tours por ai. Sendo influência de boa parte da geração de bandas dos anos 1980, de Black Flag a Bad Brains, passando por Guns N’ Roses (que regravou New Rose).
“Ele capturou a parte essencial da banda. A essência, a emoção, tudo estava lá, e é por isso que ainda parece bom.” David Vanian
Como dizia o encarte: “Made to be played loud at low volume!” Play!