CARLOS DA HORA
Recentemente, os holandeses do De Staat lançaram o quinto disco de estúdio, Bubble Gum, que teve um feedback positivo da crítica e fãs. O vocalista e guitarrista, Torre Florim, concedeu uma entrevista para o Blog n’ Roll na qual falou sobre o processo de gravação e a carreira da banda.
“Nós tocamos junto há mais de dez anos, então este disco é uma adição nas músicas que já temos. O objetivo inicial era escrever e produzir faixas diferentes de tudo que criamos. Acho que o Bubble Gum, portanto, se tornou um trabalho bem diverso, divertido e aventureiro”, disse Florim.
Bubble Gum trata de um tema bastante delicado: as bolhas sociais. Perguntado sobre como e porque da banda ter chegado neste assunto, o vocalista colocou a geopolítica em debate.
“Começou com a ascensão de (Donald) Trump. As pessoas de direita estão convencidas de que a esquerda entendeu tudo errado e vice-versa. Enquanto estávamos produzindo este disco, fiquei completamente obcecado por pessoas que ficam em diferente bolhas e vivendo em sua própria realidade. Cheguei ao ponto de questionar o que é real ou falso”.
Para tentar inovar e trazer um pegada completamente nova para o som do De Staat, Florim contou quais foram suas principais influências durante a gravação do disco.
“Existem muitos artistas que nos inspiram. Mas, no momento, estou adorando ouvir coisas urbanas e eletrônicas como Tyler, The Creator, Soulwax, Vince Staples e Beastie Boys. Músicas de filmes do anos 1980 também ajudaram bastante, como a trilha sonora de Blade Runner, isso com certeza inspirou bastante o Bubble Gum”.
O maior sucesso comercial dos holandeses foi o disco O, de 2016, mas Florim procura não tratar de forma diferente a obra da banda. “É, definitivamente, o nosso álbum mais popular até o momento. Mas todo disco é bem diferente do outro, então creio que é tudo uma questão de gosto e de qual você acha melhor. Para mim, todos os nossos trabalhos são capítulos de um livro chamado De Staat. Cada capítulo tem seu próprio significado, mas todos eles juntos contam uma história maior, que esperamos continuar escrevendo”.
A banda excursionou com nomes muito populares no cenário mundial, como Muse, Rolling Stones e Papa Roach. Florim não poupou elogios para esses grupos e mostrou que as turnês realmente serviram de grande aprendizado.
“A turnê com o Muse foi uma das coisas mais divertidas que já fizemos. Tocamos para públicos de 12 mil a 20 mil pessoas. A maioria nem sabia quem éramos, então temos muito novos fãs por causa disso. Aprendemos muito ao presenciar a turnê de Drones. Eles são caras muito legais. O mesmo vale para Papa Roach”.
A experiência com os Stones, entretanto, foi completamente diferente, segundo o vocalista. “Esses caras são lendas, então dividir o palco com eles foi a mágica pura, e nunca vamos esquecer isso”, comentou.
E por falar em turnês, Florim espera vir logo estrear no Brasil. Se mostrou conhecedor da nossa cultura e revelou ter laços no País.
“Definitivamente espero que isso aconteça, temos recebido bastante mensagens do Brasil ultimamente, então parece certo fazer uma turnê pelo país e pela América do Sul em breve. Realmente sei bastante coisa sobre o Brasil. Meu pai é tradutor português e meu irmão mora em São Paulo há algum tempo. Eu amo músicas daí, mas sou especificamente um grande admirador da cena psicodélica brasileira da década de 1970. Os Mutantes, Gal Costa, Gilberto Gil são sensacionais”, completou.
Enquanto os holandeses não se apresentam por aqui, fique com ótimo Bubble Gum.