Por Carlota Cafiero
Será uma pororoca sonora. Assim como as águas se agitam no encontro dos rios com o mar, o hardcore da banda paulistana CPM 22 vai juntar-se ao reggae do gaúcho Armandinho, que sai de Praia Brava, em Santa Catarina, para aportar no palco da Festa Show Caiçara, que acontece nesta sexta-feira, na Associação Atlética dos Portuários, em Santos.
A organização espera 10 mil pessoas para o evento, que ainda traz bandas e DJs para abrir a noite (veja quadro). Dividida em palco principal, pista e palco caiçara, a festa inaugura uma nova linha de entretenimento na Baixada, unindo estilos, tribos e culturas.
Juntos pela primeira vez na Cidade, CPM22 e Armandinho venceram o Prêmio Rock Show 2014, nas categorias Artista Rock e Artista Pop, respectivamente. Trata-se da maior premiação do rock nacional, que é realizada em Santos.
O baterista Japinha toca há 15 anos na CPM22 e diz que ficou muito contente com o prêmio recebido na Cidade. “Os primeiros shows que fiz na minha vida com a CPM foram em Santos, num buraquinho chamado Armazém, onde cabiam 100 pessoas. Sempre vou muito à Cidade, pois meu pai tem um apartamento na divisa com São Vicente”.
Ele também está muito satisfeito por dividir, mais uma vez, o palco com Armandinho: “Já tocamos juntos. Ele é um cara do reggae que tem uma pegada rock’n’roll, e é muito brother nosso”.
Despedida do Acústico
Perto de completar 20 anos de existência neste ano, a CPM22 se despede da turnê do CD e DVD Acústico (lançado em 2003, após retomar a parceria com a Universal Music) e volta ao formato elétrico com o show em Santos – que, aliás, abre a agenda da banda em 2015.
“Finalizamos a turnê do acústico em Rio Claro, no dia 21 de dezembro. Durou quase um ano e meio, com mais de 100 shows por todo o Brasil. Estávamos com saudade do elétrico e o público também, pois tem mais pegada, que é uma característica nossa”, diz o baterista.
Ele lembra que não foi fácil se adaptar à versão acústica das canções: “Quando preparamos a turnê do Acústico, ficamos seis meses fazendo pré-produção, porque foi muito difícil tocar com baquetas mais leves e menos velocidade e força. As primeiras semanas não foram nada fáceis. Depois, eu me acostumei e nem cansava nos shows. Ao contrário dos elétricos, em que gasto bastante energia” compara.
Novo integrante
Japinha conta que um legado que o formato acústico deixou para a banda foi a entrada (ainda não oficial) do guitarrista Phillipe, o Phill, do Dead Fish: “Ele tinha acabado de sair da banda quando o chamamos para gravar com a gente. Então, resolvemos estender o convite a ele, para fazer os shows elétricos também”.
Com o som mais encorpado, a banda composta por Badauí (vocais), Luciano (guitarra e backing vocal), Heitor Gomes (contrabaixo) e Phill (guitarra), além de Japinha, prepara uma turnê comemorativa aos 20 anos de estrada.
Afinal, há muito o que celebrar. Em sua trajetória, a banda lançou nove CDs de estúdio e ao vivo, e três DVDs, e recebeu diversos prêmios, entre eles cinco Video Music Brasil (VMB), da MTV Brasil; um Prêmio Multishow de Música Brasileira (2007) na categoria Melhor DVD com MTV Ao Vivo; e um Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com Cidade Cinza, no ano de 2008.
Reggae boa onda
Armando Antônio Silveira da Silveira, o Armandinho, vai deixar a tranquilidade de Praia Brava, a 38 quilômetros de Florianópolis, em Santa Catarina, onde reside, para tocar na Festa Show Caiçara.
Nascido em Porto Alegre, ele lançou o primeiro CD, que leva o seu nome, em 2002, com canções que já revelavam sua capacidade de misturar qualquer outro ritmo ao reggae. Com faixas que falam das coisas boas e simples da vida, como Folha de Bananeira, Balanço da Rede e Outra Noite Que Se Vai, o álbum ganhou o Disco de Ouro pelas mais de 100 mil cópias vendidas. No ano seguinte, participou pela primeira vez do Planeta Atlântida e, diante de 30 mil pessoas, fez um dos shows mais elogiados do festival.
O segundo disco, Casinha, vem na sequência, em 2004, e traz o maior hit: Desenho de Deus. Entre 2006 e 2013, lança mais cinco álbuns e se tornou conhecido, também, em outros países da América Latina e em Portugal, com shows esgotados por onde passou. Em Santos, o Jack Johnson brazuca promove o disco Sol Loiro, pela Radar Records.