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Fruto Proibido – Rita Lee: O despertar do rock nacional

RICARDO AMARAL

No ano de 1975, minha história com o rock nacional estava já inserida nos “alternativos” Raul Seixas, Sérgio Sampaio e, obviamente, nos Mutantes… Fruto Proibido foi para mim o álbum que me levou aos Mutantes, não o inverso.

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Rita Lee (hoje quase uma caricatura) acabou mais se tornando o Lulu Santos de saia do que a “roqueira” que eu pensava surgir com espetacular álbum de 1975.

Primeiro, a banda impecável, formada por Luís Carlini (guitarra), Lee Marcucci (baixo) e Franklin Paolillo (bateria) criou o mais autêntico rock and roll nacional até então existente no Brasil.

A tendência blues das canções certamente estava ligada ao caráter da banda “Tutti Frutti”. Rita Lee, no auge de seu vocal e de suas composições cria o hino Ovelha negra, que para à época, era um grito de alforria pessoal, do caso oblíquo.

O disco celebrou 40 anos de seu lançamento em 2015 e segue sendo um dos 50 mais vendidos do rock nacional, sendo atropelado apenas pela Legião Urbana, o que não entendo, mas aceito. Em 2007 foi eleito o 16° melhor disco de rock do Brasil e Rita Lee foi coroada como a Rainha do Rock. Hoje, a coroa deu lugar a clichês ridículos e uma peruca vermelha. Envelhecer é uma m…

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Na faixa Agora só falta você, uma declaração enrustida ao término de seu relacionamento traumático com o Mutante Arnaldo Batista, a guitarra nervosa de Carlini é o auge do instrumento em um rock nacional. A batida sincopada, estilo The Who, e o estilo debochado dominam o tom.

Em Cartão Postal e Esse tal de Roque Enrow, Rita é abençoada com a parceria de Paulo Coelho, o mago de Raul Seixas, já apresentado à versatilidade pop que Raul abominava.

Aliás, não só as letras de Fruto Proibido tem a mesma qualidade das criações de Raul, mas a qualidade da banda é indiscutivelmente melhor. Em Fruto Proibido Rita apresenta tudo novo. Ritmos, letras e propostas. Raul sempre colou as melodias ora dos Beatles, ora dos Stones, ora dele mesmo.

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Cartão Postal é um blues excelente, bem ritmada e com o baixo de Marcucci a determinar as coisas.
Esse tal Roque Enrow, é a própria história de Rita Lee, contada por Paulo Coelho.

Coelho sempre foi especialista nos trocadilhos (como a mosca na sopa) e criou um “rock de breque” inspirado no samba rock que dominava o cenário musical nos anos 1970, no Brasil. Ovelha Negra é mesmo um hino. Pode colocar em qualquer festa que todo mundo canta junto.

É nítida a tendência das canções deste disco em desabafar a adversidade da geração de Rita Lee com a antecessora, no que diz respeito ao gosto musical. A canção é uma balada rock com um solo eterno de Carlini ao final da faixa.

A capa do disco é algo absolutamente paradoxal. A cor de rosa choque (depois uma canção) enquadra a foto de Rita Lee no que parece ser um camarim antigo com um teclado no canto; e ela, totalmente mutante ainda.

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A nova fase de Rita Lee e o sucesso do disco abririam o caminho para uma série de sucessos populares (alguns já de gosto bem duvidoso) que consagrariam Rita como um marco de sucesso feminino da história do rock brasileiro.

Neste ano, o também já patético Lulu Santos gravou um disco em homenagem a ela. Meu Deus…
Dias atrás, algum infeliz me mandou uma paródia de Rita Lee de I Want to Hold Your Hand. Tipo… a estória de um bode com uma cabra. Enterrei o fato. Ouvi as duas primeiras versões e resolvi escrever esta coluna e fechar minha história, para sempre, com Rita Lee.

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