Tempos antes de emplacar como um dos grandes artistas da música brasileira dos anos 1970 e 1980, Guilherme Arantes integrou – ao lado de Egydio Conde, Diógenes Burani, Gerson Tatini e Cláudio Lucci – o Moto Perpétuo. O grupo, que tinha entre suas influências Yes e Mutantes, foi um dos frutos da ascensão do rock progressivo na época, e lançou um único disco em sua formação original, autointitulado.
A sonoridade do grupo pode ser equiparada a algumas bandas brasileiras da época, como Secos & Molhados, Som Imaginário e O Terço. O empresário do Secos & Molhados, Moracy do Val, inclusive, foi um dos apoiadores do grupo, que claramente não chegou nem perto do sucesso obtido pelo trio comandado por Ney Matogrosso.
O primeiro (e “único”, explicarei as aspas mais tarde) disco do grupo paulistano com sua formação original foi lançado em 1974. Suas belíssimas composições, com momentos à lá King Crimson (Turba) e premeditações do que o Pink Floyd ainda faria em Wish You Were Here e Animals (Três e Eu) são alguns dos motivos para que o disco receba uma chance de quem curte o gênero. Momentos indiscutívelmente belos, como os arpeggios da transitória Seguir Viagem e o crescente refrão – quase mantra – de Mal e o Sol, também não podem ficar de fora da recomendação.
Ainda que tenha uma miscigenação sonora interessante dentro dos padrões sonoros brasileiros da época, o disco soa de forma bastante homogênea, com faixas que se completam quase que conceitualmente. A construção da atmosfera é muito bem feita, e os teclados de Arantes tem participação fundamental em sua criação. No mais, o disco “peca” por ser absurdamente subestimado, até mesmo dentro da escola do progressivo brasileiro. Segue, abaixo, o disco completo no YouTube:
Existe uma certa controvérsia quanto à discografia do grupo. Sabe-se de um disco de 1983, São Quixote, lançado já sem a presença de Guilherme Arantes. No entanto, alguns apontam a existência de dois LP’s misteriosos e desconhecidos do público, lançados entre 1969 e 1971. Se eles virão à tona algum dia, só o tempo dirá.
Hoje, a banda é, injustamente, vista como apenas uma página na história de Guilherme Arantes. Recomendo que você tire suas próprias conclusões a respeito e, se quiser, dê o feedback nos comentários. Um excelente final de semana a todos.