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Foto: Murilo Amancio

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Inocentes embarcam na primeira turnê pela Europa

Com 38 anos de carreira, os Inocentes farão uma curta turnê pela Europa entre o fim de julho e começo de agosto. Lendas do punk rock nacional, essa será a primeira vez que o quarteto irá visitar o velho continente para fazer shows.

Convidada para participar do Puntala Rock na Finlândia e do Rebellion Festival na Inglaterra, a banda também fará shows nas cidades inglesas de Londres e Nuneaton. Bem como se apresentaram no Vastavirta Club, o “CBGBs finlandês”.

Conversamos com o guitarrista e vocalista Clemente Tadeu sobre a expectativa da turnê pela Europa e a antiga amizade com os punks europeus. E ele ainda confessa que o punk rock é o que mantém jovem.

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Visita à Terra da Rainha

Trocar fitas com outras bandas e fãs de música ao redor do mundo era algo comum nos anos de 1980. Portanto, por meio desse intercâmbio musical, os Inocentes ficaram conhecidos na Europa.

Logo, eles receberam o título de um dos principais representantes da cena punk rock brasileira. Apesar da fama internacional, diversos fatores adiaram uma possível turnê europeia da banda.

“No começo, todo mundo tinha seus problemas pessoais. Por exemplo: um se casou, o outro teve filho. Então, isso foi adiando os planos”, conta Clemente. “Depois, as condições ficaram meio ruins. Vinham muitos convites que tinham muita boa vontade, mas pouco profissionalismo. Até que desencanamos”.

Contudo, neste ano, o grupo foi convidado para participar do Rebellion Festival, principal evento inglês para os fãs de punk rock, no dia 1º de agosto. Uma oportunidade incrível de mostrar para o público europeu o recente EP Cidade Solidão, lançado em abril pela HBB, bem como os diversos clássicos das quase quatro décadas de estrada.

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“Conhecemos o Darren Russel-Smith, criador do Rebellion, quando ele veio ao Brasil. A organização do festival foi super respeitosa, porque os Inocentes são bem conhecidos na cena punk lá fora”, diz Clemente. “Eles estão ansiosos para ver a banda!”.

O músico comenta que as condições oferecidas foram fundamentais para que os Inocentes embarcarem nesta viagem para Inglaterra. “Estamos indo em uma situação bacana com ótimas condições de shows também. Então, vamos poder mostrar nosso trabalho da maneira que ele é. Essa sempre foi a nossa preocupação”.

Capa do EP Cidade Solidão do Inocentes, inspirado nos antigos compactos de punk rock.
Capa do EP Cidade Solidão, inspirado nos antigos compactos de punk rock.

Mas antes… as antigas amizades finlandesas

A ida para Inglaterra gerou outros convites como a participação no Puntala Rock no dia 27 de julho, em Lempäälä na Finlândia. Então, por conta da antiga amizade com as bandas do país, os Inocentes se apresentam no lendário Vastavirta Club, o templo do punk rock finlandês em Tampere, no dia seguinte ao festival.

“Conhecemos as bandas finlandesas desde quando fundamos os Inocentes em 1981. Foi o primeiro lugar com quem nos correspondemos trocando fitas demos antes mesmo de lançar os discos”, relembra Clemente. “Os caras estão esperando a banda há anos. Como eles falam nos cartazes, eles estão esperando a lenda brasileira”.

O músico fala que visitar Tampere é relembrar as trocas de cartas com as bandas da cidade ao sul da Finlândia. “Sempre ouvimos falar Helsinki e Tampere. Bem como as tretas entre os punks de cada cidade. Bem aquelas coisas de punks da década de 80. De repente, vamos estar lá”, conta aos risos.

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Recepção no exterior

As letras contestadoras sempre foram a tônica do punk rock. E, obviamente, elas sempre estiveram presentes dentro da obra dos Inocentes. Basta ler a letra de uma música tão atual como Pátria Amada. Por ter uma postura política bem definida, Clemente acredita que a banda será bastante questionada sobre o momento atual no Brasil.

“Acredito que seremos recebidos bem diferentes, porque estamos saindo de um país que tinha uma perspectiva democrática bacana, mas que agora se encaminha para algo meio autoritário. Então, vamos chegar lá e as pessoas vão perguntar o aconteceu”, comenta.

Por outro lado, o músico lembra o momento político na Inglaterra também não é o dos mais simples. “Lá as coisas estão bem complicadas por conta do Brexit. Os caras vão sair da União Europeia e sem acordo. Ou seja, o país está dividido que nem o nosso”.

Inocentes durante recente apresentação em São Paulo. Foto: Caru Leão

Punk Rock e Juventude

Recentemente, Milo Aukerman disse em uma entrevista que o punk rock era a “fórmula” para ele se manter jovem. Pegando esse gancho, perguntei a Clemente o que ele achava sobre a opinião do vocalista do Descendents.

“Concordo com ele. Continuamos tocando exatamente porque o punk rock nos mantém jovens. Nossos shows são bons e tem garra”, responde o músico. “Tanto que agora os Inocentes estão indo para a Europa e a banda nunca esteve tão informa como agora”.

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Por fim, ele reflete: “Se não fossemos relevantes, a banda tinha parado e tínhamos ido tocar outra coisa. Sei lá, tocar MPB com um violãozinho. Algo mais sossegado (risos). O Inocente é uma banda que ainda tem muito o que queimar!”.

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