No início do mês fiz um texto sobre Neu! onde eu explicava, razoavelmente, o que é o krautrock e sua sonoridade. Hoje, como agregado, listarei cinco discos essenciais do movimento para quem quiser uma porta de entrada no gênero – já que tem muita coisa relacionada e, talvez, seja meio confuso saber por onde começar.
Tago Mago – Can (1971)
O primeiro da lista é um dos pioneiros do gênero. O Can, fundado em 1968, nasceu na Alemanha, e traz uma sonoridade bastante ligada ao garage rock que o The Velvet Underground e outros ícones novaiorquinos vinham fazendo na época. Por vezes ligado à música experimental, outrora confundido com rock progressivo, o grupo fez de seu segundo álbum, Tago Mago, um enorme misto de elementos jazzísticos com os ideais da música progressiva – sendo excessivamente comparado com bandas como King Crimson e Soft Machine. O trabalho é visto até hoje como um marco na música europeia, sendo de valor indiscutível para o movimento.
Faust – Faust IV (1973)
O quarto disco do Faust é uma das experiências krautrockianas mais esclarecedoras quando se busca um exemplo daquilo que sintetiza o movimento. Dotado de uma aura espacial e flutuante, o disco aprofunda o lado etéreo do gênero – com ênfase nos sintetizadores. Pode-se dizer que o álbum foi um dos pilares que sustentaram as ideias de David Bowie quando foi passar um tempinho na Alemanha e resolveu gravar a trilogia de Berlim.
Neu! – Neu! (1972)
Figurando o lado underground do movimento – que já é underground por si só – mas também servindo como maior influência do movimento anos mais tarde, o Neu! fez de seu álbum de estreia uma bíblia do krautrock, servindo como lição de casa pra quem quer entender o que foi a música alemã dali em diante. Escrevi um pouco sobre na coluna do dia 4 desse mês.
Harmonia – Musik Von Harmonia (1974)
O Harmonia carrega o fardo de superbanda krautrockiana, já que conta em sua formação o guitarrista do Neu! e os membros do Cluster. Seu disco de estreia, Musik Von Harmonia, é um olhar refinado para os rumos que o movimento tomaria a partir da segunda metade dos anos 1970. O clima dele é ainda mais darklands do que os já citados, com muita experimentação e influências que vão do o rock progressivo inglês até a psicodelia e o art rock.
Amon Dull II – Yeti (1970)
Batendo de frente com o Can no quesito influência e pioneirismo, o Amon Duul II trouxe com seu Yeti a fonte que todas as bandas já citadas beberiam. Seu estilo, no entanto, é mais épico – fugindo dos sintetizadores e apostando em misturas sonoras mais ousadas e dissonantes. Há por exemplo, lampejos de folk em contraponto com ideais progressivos – como momentos de grande silêncio no meio da canção e improvisação.