CARLOTA CAFIERO
Trinta anos depois do lançamento do primeiro álbum da Legião Urbana, uma série de vitórias e sincronicidades vem marcando o projeto da turnê comemorativa com os remanescentes da banda: o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá.
Eles venceram a briga judicial com o filho e herdeiro de Renato Russo, Giuliano Manfredini, para poder usar o nome da Legião Urbana na turnê nacional, cujo primeiro show será nesta sexta-feira, no Mendes Convention Center, em Santos. Mas os ingressos estão esgotados desde segunda-feira.
A Cidade, como todo fã sabe, foi palco da última apresentação da banda, em 14 de janeiro de 1995, na extinta casa Reggae Night – no ano seguinte, em 11 de outubro, o vocalista Renato Russo viria a falecer.
“A gente tem várias histórias com Santos. Por isso, não só pelo fato de termos feito o último show aí que decidimos iniciar a turnê pela Cidade. Fizemos grandes shows em Santos, alguns dos primeiros da nossa carreira, e acho que a Cidade tem uma galera questionadora, formadora de opinião”, explica Bonfá, que mora no Rio de Janeiro, mas nasceu em Itapira e passava férias em Itanhaém, nos anos 1970/80.
Sem reescrever a história
A ideia para a turnê surgiu no começo do ano, após a gravadora EMI – hoje parte da Universal Music – propor à dupla Bonfá e Dado o lançamento, até o fim do ano, da edição especial do álbum de 1985.
Além de trazer o registro original remasterizado, o projeto inclui um segundo disco, com raridades guardadas nos cofres da gravadora. Entre as pérolas há três músicas gravadas a convite da EMI em 1983, no Rio de Janeiro, pelo então trio brasiliense, com Renato Russo ainda tocando baixo e cantando.
A vontade de Bonfá e Dado tocarem juntos de novo, nos palcos, surgiu após remexerem o antigo material para o disco comemorativo. Mas apesar desse desejo, os dois já garantiram, em diversas entrevistas, que não há chance de um retorno da banda, pois, para eles, Renato Russo é insubstituível.
“Sem o nosso trabalho, a Legião Urbana não existiria, mas não vamos reescrever a história da banda, que está ligada a vários momentos fortes e importantes do País. Eu me sinto privilegiado por ter vivido tudo isso”, garante Bonfá.
André Frateschi e Paulo Miklos
Desde 2012, quando se reuniram para um show gravado pela MTV, em homenagem aos 30 anos da banda, contaram com um ilustre fã nos vocais: Wagner Moura, que fez questão de deixar claro que não queria imitar Renato e desafinou em diversos momentos da performance.
Para o show em Santos, Dado e Bonfá estarão acompanhados de outro ator nos vocais, que é André Frateschi, filho dos atores Denise Del Vecchio e Celso Frateschi.
“A participação do André é outra sincronicidade na nossa carreira. Em 1985, a gente estava muito próximo do escritor Marcelo Rubens Paiva e acompanhamos a turnê da peça dele, Feliz Ano Velho, tocando depois das apresentações. Em São Paulo, no meio da bagunça dos fãs, vi um menino perdido. Era o André, que tinha 10 anos na época. A mãe dele atuava na peça”, lembra Bonfá.
Além de André, que é cantor e tem uma banda de rock, o titã Paulo Miklos vai garantir presença na apresentação desta sexta-feira, em Santos.
Quinze cidades
Até 19 de dezembro, estão agendados mais 15 shows, por cidades como São José dos Campos (sábado), Pouso Alegre (30), Ribeirão Preto (6/11), São Paulo (7/11) e Pelotas (14/11), entre outras.
Outra cidade que não foi escolhida por acaso foi Itacaré, na Bahia, onde Bonfá construiu um chalé projetado por ele. “Vamos tocar num festival de surf (o Surf Eco Festival 2015, que vai de 27 a 1 de novembro)”, diz o baterista, que não tem previsão para o término da turnê. “Quem está no leme do projeto é Fernanda Villa-Lobos, mulher do Dado, mas a gente vai levando, talvez até os 30 anos do segundo álbum”, diverte-se.
***Fotos: Fernando Schlaepfer / Divulgação
