JUNIOR BATISTA

Poucas bandas de rock marcaram tanto quanto a Legião Urbana. As letras fortes, críticas aos problemas sociais e som trabalhado, sob comando de Renato Russo, registraram nas páginas da história as vozes de muitas pessoas que os acompanhavam nos anos de 1980 e 1990.

Agora, 30 anos após o lançamento do primeiro CD e 20 do falecimento de Renato Russo, o guitarrista Dado Villa Lobos e o baterista Marcelo Bonfá estão de volta aos palcos com o André Frateschi à frente dos vocais, além de Mauro Berman (Formigão) no baixo e Roberto Polo nos teclados. E é em Santos, onde abriram a turnê, que os caras tocam mais uma vez neste sábado, no Mendes Convention Center.

“Estamos fazendo a mesma música, só que com outro foco, pois já não somos mais aqueles moleques de 20 e poucos anos”, explica Dado Villa Lobos, que garante a mesma energia de três décadas atrás. “Em termos de motivação, a minha é inigualável. A paz, a companhia do público, tudo é muito intenso. É o que eu sentia, mas em outro momento”.

A principal diferença, aponta ele, é a maturidade. “Temos mais controle de nós mesmos. São canções que têm 30 anos, é um hiato de 30 anos, mas é surpreendente como há pessoas, principalmente jovens, que vibram muito com isso, fazendo tudo aquilo acontecer de novo”, completa.

“Aconteceram algumas surpresas. Eu não esperava que tomasse essa dimensão. Tá sendo muito divertido”, diz o baterista Marcelo Bonfá, citando, entre outras coisas, o fato de terem tocado em muitos lugares do Brasil. Alguns deles nem com o Legião eles foram. “A gente foi tocar num lugar que chama Salinópolis, no Pará. É um lugar lindo, com uma praia incrível, onde nunca havíamos tocado”, diz Dado.

Os caras haviam acabado de chegar de Macapá quando falaram com a Reportagem. “Além das pessoas, tem isso. Só o rock te leva para esses lugares loucos, praias lindas, natureza… São experiências incríveis”, explica o guitarrista.

Além dos lugares, houve experimentos nos palcos. Bonfá explica que na faixa Pais e Filhos, ele assume os vocais: “É algo que eu não havia feito ainda. O André (Frateschi) tem o maior traquejo na bateria e eu canto na frente. Como a bateria é um local muito complexo, essa sensação de ir à frente da galera é muito diferente”.

Encaixe perfeito
Assumindo os vocais, André Frateschi, que além de músico é ator, se integrou perfeitamente à banda, segundo Villa Lobos. “O André é um grande cantor e intérprete. Ele não tá ali pra ser o Renato, ele é ele mesmo e isso é fabuloso. Ele está dando a voz dele pra Legião. Cada palavra, cada sílaba. Ele se entregou demais”.

Dado lembra que a mãe de André, a atriz Denise Del Vecchio, participava da peça Feliz Ano Velho quando ele ainda era pequeno. Na turnê que o Legião fez com a peça, ele ficava no camarim e os meninos “cuidavam dele”. “Nós estivemos com a peça em algumas cidades, como Brasília, Campinas, São Paulo e ele tava junto. No show em Brasília, que rolou com o Ultraje a Rigor, ele ficou doido”, lembra.

Tudo que é bom dura pouco
Com data marcada para acabar, a turnê Legião Urbana XXX Anos atingiu em torno de 300 mil pessoas “ou mais”, segundo Bonfá, em mais de 50 apresentações até agora. O resultado foi muito melhor do que o esperado. “Ficou 100% Legião Urbana”, diz Bonfá.

Além do número expressivo, houve também a mescla de público, com a presença de muitos jovens. “Teve uma galera de 12, 15 anos que foi. Pagou o ingresso, que é caro, infelizmente, porque a indústria do entretenimento é cara e já acaba filtrando. Mas é muito engraçado porque é um grande show de rock, assim como nós, quando adolescentes, íamos ver”, conta Dado.

Serviço: Legião Urbana XXX anos, hoje às 22h, no Mendes Convention Center, Av. Gen. Francisco Glicério, 206. Ingressos de R$ 80 a R$ 140 no Ingresso na Net.