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Love: folk e flamenco!

Love foi uma banda norte-americana formada em 1965 pelo guitarrista Arthur Lee. Seu terceiro disco, Forever Changes (1967), surgiu sem grandes expectativas no mercado fonográfico, mas acabou se tornando uma obra prima irretocável dos anos 1960.

Gravado em meio ao caos interno – o desgaste entre os integrantes fazia com que eles mal se olhassem durante as gravações – o disco serviria de vitrine para vários ícones da música popular, como Jim Morrison e Robert Plant.

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E é, sem o menor espasmo da dúvida, um dos registros mais valiosos da década. Com uma mistura tênue entre a psicodelia moderna da época e um folk ascendente, o disco se cria em harmonias melódicas e complexas, indo na contramão dos riffs lisérgicos que perpetuavam nas principais faculdades musicais.

A clareza dos primeiros segundos de Alone Again Or, carregados por um dedilhado sutil, premedita a franca expansão de influências que o disco abrange – quando, em contraponto ao folk tradicional, uma melodia quase latina entra em cena e desestabiliza todas as expectativas. É um enorme baque dentro do que era habitual nos Estados Unidos.

Mas esse tipo de influência não é exclusividade da primeira faixa: a conseguinte, A House Is Not A Motel, puxa sua sardinha para as terras da Cidade do México, além de arriscar um pouco mais nas guitarras – deixando que o lado hippie mostre sua cara nos últimos instantes da canção. Andmoreagain, com pé na melancolia, também apresenta fragmentos de arranjos dos violeiros mexicanos.

Além de curioso, o olhar dos americanos para esses ritmos – também frutos daquilo que é conhecido como Flamenco, gênero musical tradicional na Espanha – é cirúrgico, resultando em belíssimas e exóticas canções, entre as quais se encaixam, principalmente, petardos como Bummer in the Summer e Live and Let Live.

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É claro, no entanto, que o folk – predominantemente americano, com um pouquinho do inglês – é a carta principal do grupo, sendo importante frisar a influência absurda de Bob Dylan e Paul Ochs. No seu lado mais psicodélico, a associação mais óbvia seria com os Beatles (que lançaram seu Sgt. Peppers no mesmo ano), mas é impossivel ouvir canções como The Red Telephone ou Old Man e não remeter-se às construções sonoras do disco de estreia do 13th Floor Elevators, lançado um ano antes.

Ao todo, o disco é épico, servindo hipoteticamente como trilha sonora para os mais ousados Westerns americanos – um ponto ótimo, diga-se de passagem. Digo com tranquilidade.

https://youtu.be/_X3HKEC68EM

Espero que a dica dessa semana desperte o seu interesse em desfrutar de uma banda incrivel como foi o Love. Um excelente final de semana!

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