Quando se fala em canções clássicas dos anos 1990, uma das primeiras que surgem na nossa mente é What’s Up, do 4 Non Blondes. Hit estrondoso na época, a música teve a chama acesa novamente nos últimos anos, com algumas reinterpretações (incluindo uma do He-Man) e crescentes aparições em mídias diversas, como na série Sense8, dos irmãos Wachowski.

Fato é que apesar do sucesso absoluto da música, a maioria das pessoas sequer sabe o nome da banda de visual cafona responsável pelo hit, e uma parcela menor ainda de pessoas se interessa em saber que o grupo carrega um álbum muito bacana e subvalorizado nas costas.

Bigger, Better, Faster, More! (1992) é o primeiro e único álbum da carreira do 4 Non Blondes. O disco foi praticamente jogado pra escanteio no meio de toda a cena grunge, e foi ainda mais ofuscado pelo próprio single, que, por fim, tornou-se maior que o trabalho e que a banda em si. Injustiças do mercado fonográfico que acontecem a todo momento.

Comentando sobre o disco, o clima meio country rock é uma das coisas mais agradáveis numa primeira impressão. Tal como o single principal, o trabalho inteiro tem uma aura de fácil entendimento, com um esqueleto de composições bem básico e pré definido, o que o torna acessível pra qualquer um. Não precisa ouvir um terço do disco para perceber que a banda tem esse objetivo quanto às melodias populares, menos ainda para perceber que a mesma cumpre seus objetivos de forma bem executada.

A primeira faixa, Train, é um resumão de muito do que o disco tem a oferecer nos próximos minutos: gaitas típicas do folk sulista americano, violões e guitarras minimalistas (porém muito presentes) e a presença vocal marcante de Linda Perry, que carrega em sua voz o lado mais country da banda, e ao mesmo tempo o mais rock n’ roll. Por outro lado, Superfly, faixa seguinte, enriquece ainda mais o trabalho, apresentando um lado mais sujo e classic rock da banda em uma canção digna de Rolling Stones. Destaque extra pro groove do baixo.

Spaceman é uma balada muito bonita, e um dos melhores momentos do disco. Talvez a canção mais dissonante de todo o trabalho, pois apresenta consigo toda uma grandiosidade dramática por trás de uma atmosfera simples. É perceptível uma influência do sucesso do Pearl Jam na faixa, que poderia facilmente ser cantada pelo Eddie Vedder. Drifting também é bem dramática, mas de forma mais explícita, apresentando um crescendo cinematográfico de violinos em seu background.

Essa é minha recomendação de Natal (recomendo colocar no meio da ceia, pra quebrar um pouco o tédio). Semana que vem retorno com o último texto do ano. Um excelente fim de semana natalino a todos os leitores.