O trio carioca Malabaristas de Semáforo mostra a potência de seu rock sem firulas e direto ao ponto no álbum de estreia, Lado B. O trabalho entrega uma banda já experiente pelos cinco anos de estrada, ao mesmo tempo que olha para o panorama atual e explora temáticas sociais, políticas e culturais.
O título do álbum remete não apenas a um lado oposto, mas também ao espontâneo, autêntico e intrínseco. Estampando essa ideia na arte de capa, a banda aponta para o seu lado mais alternativo e menos comercial, indo na direção contrária da indústria que, desde os LPs e cassetes, privilegia os singles e canções mais radiofônicas, em detrimento das demais. Nesse caso, o lado B é a verdadeira essência da Malabaristas de Semáforo.
“O conceito do álbum foi explorar nossa diversidade sonora, a sinceridade de composições simples, num paralelo a uma viagem de montanha russa – alternando momentos de tensão e adrenalina com momentos de calmaria e alívio, numa simultânea busca por reflexão através de letras secas e diretas”, define o vocalista, baixista e fundador da banda, Cleber ST.
Essa viagem começa pelo single Tédio, que tem em sua letra um jeito de tarde de domingo, em contraste com a sonoridade embalada pelo stoner rock. A canção foi a primeira do álbum a ganhar um vídeo. Em seguida, Homem Invisível aborda a sensação de não-pertencimento quando não se tem voz. Ela abre as portas para Normose, single mais recente que denuncia a inércia diante dos comportamentos ditados responsáveis por eliminar originalidade e individualidade. A faixa ganhou um lyric video que traz cenas de um cotidiano controlado.
Essa noção de manipulação e alienação segue em Feno, remetendo à domesticação, à letargia de quem se alimenta das mesmas fontes sem questioná-las. A única solução é Vamos Pra Rua Lutar, no espírito de decepção com o sistema e da vontade de virar o jogo. “Mais” traz a noção de que a ganância nos cega para as coisas livres e simples da vida. Sua Sorte promove a ideia de ser protagonista da sua própria jornada do herói, enquanto Anônimo desconstrói a importância do indivíduo diante da sociedade. Pretérito Perfeito é um olhar no espelho e o entendimento de que desistir não é uma opção, encerrando com O que for, aconteça o que acontecer.
A Malabaristas de Semáforo surgiu em 2013, no subúrbio carioca. Passando por diversas formações até a atual, a banda busca provocar algum tipo de reflexão através de composições intensas que trazem protestos, ironia e pensamentos sobre a vida. Os múltiplos estilos – punk rock, pós punk, indie – valorizam ainda mais a guitarra, os riffs de baixo e a bateria sincopada.
A sonoridade tem influências do punk e pós punk do fim dos anos 70 e 80 de grandes nomes como Joy Division, The Cure, Plebe Rude e Titãs. No indie rock, passeia com arranjos que lembram The Strokes, Bloc Party e Arctic Monkeys. A banda adiciona novos conceitos e influências ao seu rock sem rótulos, resultando num som selvagem, visceral, cru, explosivo e em constante metamorfose, suscetível a diversas interpretações.