Marginal Alado: conheça o projeto do documentário sobre o Chorão

Marginal Alado: conheça o projeto do documentário sobre o Chorão

Por Carlota Cafiero (Galeria / A Tribuna)

(*) Com a mesma urgência e paixão com que Alexandre Magno Abrão, o Chorão (1970-2013), passou pela vida, três jovens realizadores vêm se dedicando à realização de um documentário independente, que busca decifrar quem ele foi além da persona pública.

Munidos de espírito colaborativo e da confiança que apoiadores e fãs do músico e skatista depositaram no projeto intitulado Marginal Alado, Felipe Elias, de 23 anos, Roberta Franco, de 26, e Victor Santini Stockler, de 22, estão contatando familiares, amigos, produtores e artistas que conviveram com Chorão.

“Ele era um cara que acreditava e bancava as próprias ideias. Então, estamos fazendo este filme da mesma forma”, defende Felipe, formado em jornalismo pela Cásper Líbero. “Poderíamos pedir o apoio de empresas e marcas de skate, mas optamos por mobilizar os fãs”, diz Roberta, que se formou em rádio e TV pela Unimonte e dirigiu o documentário Santo Skate, de 2010, sobre a história do skate na Cidade (disponível no YouTube).

Estudante de administração de empresas na ESPM, Victor Santini Stockler conhece Felipe desde criança e está ajudando na produção do filme nas questões burocráticas com contatos, contratos e locações.

Depois de conhecerem o documentário Santo Skate, os dois amigos decidiram convidar Roberta para participar do projeto.

O trio começou logo a produção do filme para não perder o clima de comoção em torno da morte precoce de Chorão e foi assim que, no dia 29 de abril, lançou a campanha do filme no Catarse, plataforma brasileira de crowdfunding, para captar R$ 35 mil em colaborações espontâneas nos valores de R$15,00 a R$1 mil.

Faltam 28 dias para o final da campanha que, até ontem, já tinha arrecadado mais de R$ 6 mil. Caso não atinja o montante necessário, o dinheiro será devolvido às pessoas que colaboraram.

“Este projeto está sendo feito na raça, contando também com muita sorte, pois quem é da área (do cinema) diz que R$ 35 mil não é nada para pagar um longa-metragem”, ressalta Felipe.

No site do Catarse, Felipe, Roberta e Victor justificam a realização do filme da seguinte forma: “No papel de fãs, enxergamos a necessidade de documentar o legado do ídolo Chorão. Em nossas aventuras anteriores pela produção de documentários, encontramos incentivo para transformar essa homenagem em um movimento que possa atingir e emocionar todos os admiradores de um dos maiores roqueiros da música nacional”.

O vídeo da campanha traz um depoimento de Alexandre Abrão, o filho de Chorão. “O projeto fala só sobre meu pai, a história dele, quem ele era de verdade, as coisas boas e as coisas ruins. É um projeto que precisa do apoio dos fãs”.

A ideia de fazer um documentário sobre Chorão surgiu três dias depois da morte do músico, em 6 de março último, e o trio já planeja finalizar o longa em julho deste ano. “O Felipe me ligou logo após a morte do Chorão para falar da ideia de fazer um documentário”, conta Victor.

Além de Alexandre Abrão, o produtor musical Rick Bonadio– que lançou o grupo Charlie Borwn Jr. – já topou falar para o filme.

“Queremos decifrar o Chorão e mostrar a história de um santista que merece ser registrada. O conflito entre a pessoa e o ídolo, o Chorão filho, pai, amigo e os projetos sociais que ele apoiava, pois ele era um cara muito discreto”, explica Felipe.

O ponto de partida será a chegada de Chorão à Cidade ainda adolescente e logo após a separação dos pais (ele nasceu em São Paulo, mas não perdia a oportunidade de afirmar em seus shows que era de Santos).

“Em paralelo, vamos abordar a história dele por meio das letras, pois elas são muito autobiográficas. Queremos entender a cabeça dele”, completa Roberta, que revela que os depoimentos estão sendo captados não somente em Santos e São Paulo, mas também no Rio de Janeiro, onde pretendem entrevistar MV Bill e Marcelo D2.

O trio ainda está definindo a linguagem visual do filme, mas talvez tenha um ritmo de videoclipe “com muita música e grafite, claro”, promete Felipe.

Recompensa
Como forma de agradecimento àqueles que apoiam o projeto no site do Catarse, os realizadores do filme Marginal Alado criaram pacotes de recompensa. Dependendo do valor da contribuição, o apoiador pode ganhar nomes nos créditos do filme, camisetas e moletons que foram usados por Chorão, cópias do roteiro original de O Magnata (com anotações dele) ou bonés que ele usou durante shows do Charlie Brown Jr.

A tela com a frase Marginal Alado, grafitada por Leandro Shesko – que terá participação no longa, com grafites ilustrando os capítulos – já está reservada a um apoiador que destinou o valor máximo ao projeto, R$ 1 mil.

(*) Reportagem publicada em A Tribuna no dia 2 de maio de 2013.