Foto: Renato Cavalcante / Divulgação
Antes de ser autora do Microfonia, designer gráfica, morar no Rio de Janeiro… antes de tudo, EU, ISABELA TAYLOR, SOU BRASILIENSE! Mais do que isso: ROQUEIRA BRASILIENSE!
Pode parecer ridículo enfatizar esse “mero detalhe”, uma vez que Brasília é umas das capitais mais importantes na história do rock nacional, sendo um dos polos do surgimento do punk brasileiro, terra de nomes emblemáticos como Aborto Elétrico, Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso (sim, aceite que dói menos!) e os lendários Escola de Escândalos e Detrito Federal. Parece meio óbvio ser roqueiro em um lugar tão rock n’roll como esse, não é? Ainda mais sendo adolescente!
LEDO ENGANO! No início da minha adolescência, o lance da galera era ir para a MICARÊCANDANGA, com abadás horrendos, curtir um carnaval-baiano-fora-de-época, com Chiclete com Banana e adjacências. O mais maluco é que as pessoas ainda ostentavam seus abadás nos colégios e eventos sociais, como se aquele ingresso ambulante fosse algo a ser usado com orgulho! Vai entender…
Ouvir rock em Brasília era coisa de gente que tinha paciência de procurar as bandas antes mesmo do surgimento do Google, de ir em festivais pequenos, caçar os discos físicos na era pré-MySpace, fazer cópias em casa das músicas, ir em sarais de colégios e, sobretudo, estar disposto a usar roupa preta naquele calor e naquela secura do Cerrado.
Bom, digamos que era assim até a segunda fase do rock de Brasília ficar em evidência. Até o Autoramas se tornar uma banda muito famosa, até o seu vocalista (Gabriel Thomaz) compor hits do Raimundos e até o povo do axé sair por aí cantando I Saw You Sayin’. Aliás, o Raimundos não só foi e é uma banda importante para a cena local, como foi a banda que puxou as outras da cidade para o resto do país. Mas como pro rock nada pode ser fácil, logo surgiu a onda da Liberdade Pra Dentro da Cabeça, do Nativus, que depois de uma treta com uma banda gaúcha de música típica, virou o Natiruts que todo mundo conhece. Aí, meu filho, o povo já curtia um feriado na Chapada dos Veadeiros, uma “cachú”, um colarzinho de semente… PRONTO! A onda era ser Rastafari-de-Pilotis.
Mesmo assim, a cena da cidade sempre seguiu forte, com os saudosos Bois de Gerião, Lafusa, o Móveis Coloniais de Acajú (por quem já explicitei meu amor aqui) e o Rumbora.
Depois que fui morar no Rio, segui acompanhando algumas bandas através da internet, mas o fato é que se você não vai aos festivais, aos shows, às festas… você fica enferrujado. Então aproveitei a minha visita rápida à Brasília esta semana para me atualizar, logo te atualizar também, sobre as bandas que andam chamando a atenção nessa nova cena rock brasiliense.
Esse trio toca um indie rock cheio de personalidade, redondinho, desses que não fica por baixo de nenhuma banda gringa do gênero.
No momento, Paulo Veríssimo (voz e guitarra), Ivo Portela (baixo e voz) e Marcos Amaral (teclados) estão finalizando seu segundo álbum de estúdio, que assim como o primeiro, foi produzido por Phillipe Seabra (ele mesmo, vocalista e guitarrista da Plebe e Rude!). Até agora, o que sabemos é que o álbum deve ser lançado até abril deste ano e contará com as participações ilustres dos ex-Móveis Coloniais, André Gonzales, Paulo Rogério e Esdras Nogueira; do Brother of Brazil João Suplicy; diretamente do Recife, o guitarrista do Mamelungos, Thiago Hoover, isso só pra citar alguns nomes! Então já se liga no Facebook e no site dos caras para ser o primeiro a saber deste lançamento!
Com um som bem experimental, criando uma verdadeira miscelânea de gêneros, o Galopardo transita entre o blues e o folk estrangeiros e os brasileiríssimos xaxado e baião, amarrando tudo isso com o bom rock psicodélico. Especialmente indicado para fãs de bandas como Facção Caipira e O Bardo e O Banjo!
Eu sei, não é muito fácil de imaginar tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, mas não se preocupe: O primeiro EP da banda, intitulado Vertigem, está disponível gratuitamente na internet. Vem ver!
Eu já amo um vocal feminino, mas o da Adriah é golpe baixo! Extremamente emocional, intenso, cheio de personalidade… e isso só o vocal. Se a gente for falar do instrumental, aí tem mais é que rasgar seda mesmo! É maravilhoso encontrar uma banda tão entrosada, tocando um som bem pesado, flertando com o metal, mas ainda repleto de sutilezas. Coisa muito fina!
A banda lançou seu primeiro álbum, o Metamorfose, em 2015 e desde então passou ela própria por uma metamorfose. Costumava ser um quarteto mas, desde a saída de seu ex-guitarrista Rafa Dornelles, seguem como um powertrio composto por Adriah (guitarra/voz), Cid Moraes (baixo), Marcus Tymburibá (bateria).
Vale ficar atento nessa banda para acompanhar os lançamentos da sua nova formação! Eu, se fosse você, já estava lá seguindo eles no Facebook e no Instagram!
P.S.: Este post não seria possível sem a grande Revista Traços, publicação cultural que reinsere pessoas em situação de rua na sociedade através da Cultura. Para conhecer mais sobre este lindo projeto e conhecer mais sobre a produção cultural do DF, acesse o site deles.
P.S.2.:Se você gostaria de se aprofundar mais na história do rock de Brasília, recomendo o belíssimo documentário Rock Brasília, dirigido por Vladimir Carvalho e disponível no Netflix.