Muito rap, diversas referências e apostas curiosas. Num caldeirão de ideias, No. 6 Collaborations Project, novo álbum de Ed Sheeran, é um grande brainstorming musical. Depois de anos trabalhando sozinho em seus álbuns ou em colaborações para outros artistas, No. 6 é a compilação de seus ídolos.
“Você sempre tem que criar suas próprias ondas”, diz Sheeran em entrevista com Charlamagne The God. Para ele, é essencial manter sua personalidade em todos os trabalhos.
E a imprevisibilidade, já é parte comum de seu processo criativo. “Personalidade, trabalho duro e talento” entram na lista de características que Sheeran lista como essenciais para fugir das fórmulas comuns. Esse é o segredo que o cantor investe neste trabalho para garantir sua autenticidade.
Assim como no EP No. 5 Collaborations Project, que conta com várias participações de rappers britânicos, este projeto também abraça o gênero majoritariamente. Mesmo navegando entre outros estilos, como rock, pop e trance, rap e hip hop são a essência do trabalho.
Além de parcerias curiosas, que vão desde 50 Cent a Skrillex, o disco desconstrói as composições do ruivo. Com uma roupagem moderna, o álbum molda individualidade em cada uma de suas faixas. Por isso, para resenhá-lo, decidimos falar de cada música em seu próprio universo.
Antisocial (ft. Travis Scott)
Ed Sheeran fazendo rap? Temos! E muito. Junto a Travis Scott, a faixa Antisocial traz um beat energético. O som traz referências trap e hip hop, agregando a essência de Scott ao bom humor de Sheeran. Entre diferentes esquetes, o ruivo investe em um vídeo com múltiplas linguagens (e múltiplas perucas).
Beautiful People (ft. Khalid)
Em tempos de superficialidades e vidas alternativas nas redes sociais, é bom fazer algo realista. Com Beautiful People, Sheeran e Khalid oferecem uma canção verdadeira, moldada como outras de suas jams pop.
O clipe reflete sobre vaidade e autenticidade, principalmente no mundo da fama. Mesmo com pouca aparição, Khalid completa a voz de Sheeran como um casal que termina as frases um do outro.
South of the Border (ft. Camila Cabello e Cardi B)
Se falamos em Camila Cabello, sabemos que romance está por vir. E com versos em espanhol, melhor ainda. South of the Border é a fórmula para as rádios, seguindo todas as tendências pop atuais. Bardi aparece pouco, mas se encaixa na vibe da balada latina com naturalidade.
A harmonia entre as vozes de Sheeran e Cabello nos faz perguntar porque essa colaboração ainda não tinha acontecido.
Cross Me (ft. Chance The Rapper & PnB Rock)
Nesta canção, Sheeran apela para referências mais antigas de eletrônica e dance, em um beat que lembra o techno. Mesmo com visual futurista, o clipe contempla muitas dessas referências mais antigas.
É a música mais dançante e provavelmente a mais diferente de seus trabalhos anteriores. Mostra uma aposta criativa, que tira Sheeran de sua zona de conforto nos vocais. Chance se encaixa perfeitamente no tempo, embalado em um ritmo único.
Take Me Back To London (ft. Stormzy)
Pegando um pouco de sua herança britânica, Sheeran brinca com a modernidade na música de Londres. Ao apostar na parceria com o rapper, dá mais um passo acertado com experimentações no hip hop. A letra trouxe uma curiosidade que movimentou os fãs pelo Twitter: Sheeran aparece se gabando da fortuna feita durante sua Divide Tour.
Segundo a Billboard, esta foi a segunda turnê da história a ultrapassar 600 milhões de dólares. De fato, diante de um marco desses, não faz mal se gabar um pouquinho.
Best Part Of Me (ft. YEBBA)
Precisávamos de um pouco de essência pop, ok? Best Part Of Me é o clássico Ed Sheeran. Claro, com a belíssima adição de YEBBA, que ajuda a compor esse dueto romântico.
A balada acústica conta com a melodia no piano para dar ainda mais charme. Para falar de amor, o cantor aparece no estúdio Abbey Road, em preto e branco, colocando o coração para fora.
I Don’t Care (ft. Justin Bieber)
A primeira faixa divulgada do álbum já era conhecida do público. Junto ao conjunto da obra, dá um tom comercial que destoa de suas experimentações.
Cheio de efeitos visuais exagerados, o clipe contempla o bizarro, com inserções da dupla em cenários coloridos e animações.
Remember The Name (ft. Eminem & 50 Cent)
Temos mais rap aqui, com parcerias mais clássicas. A canção resgata justamente o estilo mais old school do hip hop, com uma batida que se encaixaria perfeitamente nos anos 2000. São as parcerias mais ousadas, que trazem nostalgia de outras fases das rádios.
Eminem e 50 Cent remontam uma parceria histórica, que caminha desde 2003. A reunião provocada por Sheeran pode ser considerada a mais clássica união do rap dos anos 2000.
Feels (ft. Young Thug & J Hus)
J Hus faz seu rap com a mesma emoção que Sheeran canta seus versos. Falando justamente sobre sentimentos, principalmente amor, a música é tão equilibrada que poderia durar muito mais tempo.
A composição mescla pop e rap de forma encorpada, destoando do rap mais descolado de outras faixas.
Put It All On Me (ft. Ella Mai)
Uma paixão na pista de dança. Essa é a sensação projetada em Put It All On Me, entre versos carinhosos e ousados. Ella Mai brinca com os tons cantados, desenhando uma canção sonhadora e cativante.
É o tipo de colaboração que esperamos de Sheeran, com a vibe dance-romântica que adoramos.
Nothing On You (ft. Paulo Londra & Dave)
Mais espanhol, mais tendências. Na parceria com o argentino Paulo Londra, Sheeran conquista os corações dos fãs latinos de vez. O rapper Dave, que representa a onda atual de hip hop britânico, tem contribuição breve.
A batida e arranjos lembram algumas experimentações de outros cantores pop, como Shakira, Daddy Yankee e Maluma, mesmo sem mergulhar no reggaeton.
I Don’t Want Your Money (ft. H.E.R.)
Mais uma canção com toques de referência aos anos 2000. A adição de instrumentos de sopro encorpa a proposta, além de dar maior dinamismo à melodia. A participação de H.E.R. permeia o R&B, dando um toque descontraído à faixa.
1000 Nights (ft. Meek Mill & A Boogie Wit Da Hoodie)
Juro que dá para ouvir um “I’m in love with the shape of you” nesse “Staying up for a thousand nights“. Há um pouco mais da veia pop de outros álbuns, servindo como conexão aos seus outros trabalhos.
As participações, por mais que cumpram seu propósito, também não inovam muito.
Way To Break Your Heart (ft. Skrillex)
Vamos falar de corações partidos, términos, com uma base eletrônica que reverbera tristeza. Interessante como Sheeran e Skrillex conseguem dar uma atmosfera melancólica ao beat dançante. A desconstrução do gênero com a temática lembra uma pegada Sam Smith.
Não é a primeira vez que os dois artistas se encontram, pois já tocaram juntos de surpresa em 2017. Em estúdio, o duo resultou em uma produção dedicada e experiente.
BLOW (ft. Chris Stapleton & Bruno Mars)
ROCK N’ ROLL! Yes! Em um clipe composto por uma banda de rock feminina dublada pelo trio, temos o som e o visual mais roqueiro possíveis.
A música tem riffs explosivos, vocais rasgados e uma harmonia surpreendente. Bruno Mars nunca decepciona, trazendo uma carga retrô que nos transporta ao hard n’ heavy.
Versátil? Demais. O novo álbum de Ed Sheeran é mais uma aposta acertada, que merece sua atenção. No. 6 Collaborations Project já está disponível em todas as plataformas digitais e também nas principais lojas do Brasil.
Em venda exclusiva na América Latina, o Brasil receberá itens oficiais exclusivos que fazem parte da divulgação do álbum. A ação acontece hoje na loja Saraiva do Shopping Eldorado, em São Paulo, das 10h às 22h.