Em 2011, aos 62 anos de idade, Charles Edward Bradley lançou seu LP de estreia, o No Time For Dreaming”. A Alma da América faleceu no último sábado (23), aos 68, vítima de um câncer no estômago.
O Sr. Bradley, como costumava ser chamado, passou por várias situações drásticas em sua vida: Foi abandonado pela mãe ainda quando era um bebê e por isso foi criado pela avó até os 8 anos, quando a matriarca voltou.
Segundo Bradley, esse não era um relacionamento legal. Por isso, fugiu e passou morar nas ruas. Desde que conheci Charles Bradley, saquei na hora que ali haviam histórias complicadas e pesadas, que não estava conhecendo um músico que veio de toda uma linhagem de grandes artistas e montado no dinheiro. Estava diante e ouvindo a arte nua e crua, cercada de más experiências e de muita luta.
Há um documentário que explica muito da vida do músico aqui. Chama-se Soul of America (2012). Estava disponível no Netflix, mas a empresa já cancelou o contrato com a produção do filme. Mas vale a pena caçar pra entender melhor quem era Charles Bradley e porque ele foi importante para a música norte-americana.
Charles era discípulo de James Brown
Ver James Brown em 1962 mudou completamente o prisma com que Charles Bradley passou a encarar a vida, e ele aceitou a proposta. Passando a ser um cover do cara em muitos lugares, em 1967. Não vou escrever a história toda, porque você vai encontrá-la em vários posts por aí, mas foi daqui que veio sua grande inspiração para suas técnicas vocais.
Técnicas:
Sr. Bradley era ‘indignado’ na sua voz. Era uma voz que conseguia alcançar a fantástica matemática musical que por fim gera a emoção certa. Quem ouve o som do cara sabe do que estou falando.
Algumas vezes ele vinha com fortes drives rasgadíssimos e também árduos guturais. Era como se o músico conseguisse canalizar todas as dores de uma vida sofrida, dos maus tratos, de uma vida de dormir na rua, trabalhar em um hospital de doentes mentais em Maine e muitas outras loucuras que ele certamente viveu, em notas vocais.
Ele tinha feeling. Algo que nenhuma técnica ensina.
Uma das melhores coisas que gosto dele é esse ao vivo em um lugar que parece uma bicicletaria. Dá uma sacada do que estava falando sobre feeling.
Quis escrever esse post, meio que alterando a sequência da “Entre Cabos e Amplis”, porque a vida artística independente às vezes desanima. E acho completamente inspirador ver que alguém, aos 62 anos, se tornou um grande ícone da música atual, longe das modinhas que tocam nas nossas rádios locais ou nacionais. O cara se tornou um ícone do soul!
Então, faz sentido o que você desenvolve musicalmente? Tem profundidade? Toca outra pessoa? Manda brasa e pisa fundo no acelerador.
Bônus, se você chegou até aqui: Soul of America completo em inglês em baixa qualidade (Porque alguém subiu na moita).
Cover do Black Sabbath