O guitarrista Nuno Mindelis, uma referência do blues no Brasil, acaba de lançar Angola Blues, seu décimo disco. O trabalho apresenta ao público a essência e a formação do músico, nascido no país africano homenageado no álbum.
O blueseiro morou em Angola nos primeiros 17 anos de vida. E foi nesta época que ele teve contato precoce com a música. Em resumo, começou a tocar instrumentos construídos por ele mesmo, aos 9 anos. Além de crescer ouvindo músicos como Otis Redding com a banda Booker T & the MG’s, Mindelis também foi influenciado pelas músicas regionais de sua terra.
E são justamente elas que fazem parte do novo trabalho e mostram a mescla que forjou o músico. No repertório estão Birim Birim, Mudiakime, Brinca N’Areia, Cabinda, Muxima, Monami Zeca, Mona Ki Ngi Xica, Tuala Ni Ji Henda.
A única composição brasileira, que não está no dialeto regional de Mindelis é País Tropical, de Jorge Ben Jor.
“Essas músicas em Angola são como o sertanejo é para o Brasil, numa coisa mais popular, mais raiz, não industrializada. Fiz os arranjos delas com uma pegada mais rock”, argumenta.
No álbum, além da guitarra, ele também canta e vem acompanhado dos músicos Dhieego Andrade (bateria), Marcos Klis (baixo), Alex Bessa (teclados), Ilker Ezaki (percussão) e Jessica Areias (voz). Angola Blues conta ainda com as participações especiais do casal Airto Moreira e Flora Purim, em Muxima.
“Eu sinto esse trabalho como um legado mais importante que deixo. É o resumo máximo desta coisa que sou”, define.
Em tempos de distanciamento social, onde teve que cancelar shows pelo País e uma turnê no Canadá, Mindelis fez o lançamento do álbum, disponível em plataformas de streaming em uma live pelo Facebook e pretende repetir a apresentação em breve.