FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
Ele tem todo jeitinho dum romancista norte-americano desses senhores libertários da Califórnia e é meu guitarrista preferido. Uma espécie de Piazolla dessa zona indeterminada de jazz, rock, balada, bossa internacional, fusion como denominam deliciosamente.
Larry Carlton, que tocou com Michael Jackson, Jonny Mitchell, Quincy Jones e admirado pela segurança impressa em seus solos virtuosísticos tal qual um lance de chuva num terreno preciso.
É Sting meu amado ícone quem melhor o definiu: “A obra de suas mãos proporcionam graça, paixão e conhecimento atemporal. Ouvir Larry Carlton significa aprender e ser profundamente comovido por sua música”.
Tessitura está para a música quanto a poesia de T.S. Eliot na literatura. Compus um poema para ser embalado por Larry Carlton. Façam sempre a ponte entre artes: intertextualidade é tudo. Arte nasce de outra.
Banho frio / despoja-te
Um café contemplativo ao sol da tua guitarra
Diante o horizonte sê um pássaro azul
Que fareja o infinito
Começar pelo teu olhar distendido
O longo curso do rio
Nessa alma aliviada
Porque em toda parte
Sem onde nem nexo
Aparente
Assim a felicidade
Ou o amor
Flor improvável
Surge com pressa
É o poema vivido
Escrito
Sonhado
No teu ritmo alucinado
[Flávio Viegas Amoreira / Escritor, poeta / flavioamoreira@uol.com.br]