O Ruídos de hoje resgata aquela que é uma das maiores bandas do que é o dito rock que conhecemos: The Band. Formada em 1967 – considerando a banda como conhecemos, pois houveram outras formações e outros nomes anteriores a esse – por Robbie Robertson, Richard Manuel, Garth Hudson e Rick Danko, o grupo canadense merece destaque pelo seu trabalho na longínqua década sessentista, em especial pelo seu debute, Music From Big Pink.
É, sem grandes esforços, uma das bandas mais popularmente subestimadas de todos os tempos. Talvez a mais injustiçada pelo “público roqueiro” entre todas as que passaram por aqui, nos tantos artigos que já escrevi para esse blog. O motivo é bem claro: abrindo mão da relatividade, é fato que o grupo não apenas demonstrou, como também exerceu um potencial tão cirúrgico quanto o da maioria de suas parceiras melhor-sucedidas comercialmente nos anos 1960, chegando, subsequentemente, como uma das 50 bandas mais influentes segundo a Rolling Stone e recebendo um Grammy honorário em 2008 pelo conjunto da obra. Diferente de vários nomes gigantes, também é figurinha do Rock N Roll Hall of Fame.
Seu primeiro disco, Music From Big Pink, coletou certo prestígio com o passar dos anos – chegando a ser listado diversas vezes como um dos melhores álbuns da década de 1960 e, ainda que cause certa controvérsia, integrando o hall de nomes do best seller 1001 Discos Para Se Ouvir Antes de Morrer. Para a época, no entanto, era inexplicável que o grupo não obtivesse, futuramente, a mesma valorização popular que o Yardbirds ou, indo mais longe, que os Rolling Stones, visto que tanto a qualidade das composições quanto a maleabilidade radiofônica do conjunto era maior ou equivalente ao desses citados.
Apesar dessa diminuição histórica em contraste com outras lendas do classic rock , o debute d’A Banda foi um sucesso tanto de de crítica quanto de público no planeta 1968. Obteve maior destaque pela participação ativa de Bob Dylan, que compôs três das principais canções do álbum, This Wheel’s on Fire, Tears of Rage e I Shall Be Released – hits que integrariam sem dificuldade qualquer disco solo do ídolo folk. The Weight, por sua vez, chamou os holofotes para o registro ao fazer parte da soundtrack de Easy Rider, clássico do cinema norte-americano. Dentro dos conceitos estabelecidos naturalmente para o disco, é inegável o respeito absoluto entre os apreciadores do Southern Rock – que, entrando num leque ainda mais afiado, conta com nomes tão poderosos quanto – caso de The Allman Brothers Band e Lynyrd Skynyrd.
Embora as quatro faixas citadas sirvam como um tripé para a obra por completo, outras nuances sonoras podem ser encontradas dentro do trabalho, como Chest Fever, que flerta genuinamente com um rock psicodélico pouquíssimo explorado pelo grupo em outras oportunidades; e Lonesome Suzie, que por sua vez capitania a aura de baladas country que permeia extensa parte das composições. Tudo isso, é claro, com os pés na acessibilidade – longe, por exemplo, de um Mothers Of Invention e muito mais próximo de um Creedence, em questões comerciais, para ser mais conciso.
https://youtu.be/3LAcP_v-j3I
Um disco aparentemente simples, mas que se torna gigante gradativamente – assim como as faixas, em sua forma isolada. Inquestionavelmente um dos maiores e mais respeitáveis da década e da história da música canadense/mundial. Um excelente final de semana a todos!!