Retrovisor#8 – Surge a cristalina voz da nova geração da cena alternativa

Retrovisor#8 – Surge a cristalina voz da nova geração da cena alternativa

Sabe aquele choque suave que o salgado e o doce provocam na língua. Ou o por do sol numa tarde amena de outono, rodeado de amigos rindo com as alegrias e os sabores da vida. As bucólicas cenas bem descrevem o álbum de estreia da banda Gragoatá. O trio formado em Niterói (RJ), no corredores da Universidade Federal Fluminense (UFF), traz uma rajada de inspiração à cena independente nacional. A leveza que acompanha as 10 faixas do disco dão o tom das composições maduras em arranjos sutis e precisos.

No balaio, eles bebem de influências diversas e distintas, compondo um interessante mosaico com os pés bem calçados no folk mais alinhado às portas da percepção. Leque sonoro capaz de recriar espaços dentro das composições. Do baião ao rock lo-fi e do tropicalismo ao indie, a gama de influência dos três membros reflete na sonoridade do álbum. E o resultado que soa tão brasileira quanto universal.

Violão de nylon e de aço, acordeon, sintetizadores, gaita, bandolim se unem o trio bateria, guitarra e baixo em harmonia com as poéticas letras. Um pano de fundo sensacional para uma das mais belas vozes dos último tempos: Rebeca Sauwen.

Ando Meio Desligado

Junto de Fanner Horta e Renato Côrtes, ela ficou conhecido em 2015, quando defendeu o hit “Linda, Louca e Mimada”, da banda Oriente, no programa The Voice, da Rede Globo. A exibição rendeu convides para a banda se apresentar no projeto internacional “Sofar Sounds”, e concertos no Teatro Municipal de Niterói e da UFF.

Os registros dessas experiências caíram na web, tornando a canção “Passarinho” um mega-hit do trio. A boa recepção do público foi o pontapé que faltava para a pré-produção do primeiro álbum. Por quase dois anos, eles se abrigaram numa fazenda na região de Raposo, em Itaperuna (RJ), a fim de lapidar as composições e arranjos de tirar o fôlego.

Com o material pronto, faltava apenas cacife para levar a sonoridade às prensas. E no final de 2016, eles conseguiram atingir a meta no Catarse, fruto de uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo. Instrumento que tem se tornado alternativa viável para a produção de bandas que levantam a bandeira do trabalho autoral de qualidade.

Descrito pelos seus membros como um disco de contrastes, o álbum explora timbres disformes e confirma ser possível navegar por novos mares no asséptico mainstream brazuca. O registro contou com composições de Côrtes e Fanner, além de parcerias com a banda Barcamundi.

 

Ficha técnica
A produção ficou por conta de Renan Carriço (Facção Caipira, Overdrive Saravá) e o trabalho é um lançamento da gravadora Coqueiro Verde. O disco foi mixado por Renan Carriço (Facção Caipira, Overdrive Saravá) e Igor Bilheri, no Estúdio Toca da Cotia (Niterói/RJ), enquanto a masterização ficou por conta de Felipe Rodarte (Toca do Bandido). A produção musical é de Renan Carriço e do trio Gragoatá, e a produção executiva é de Lilian Kerbel e da Gragoatá. A arte da capa é de Rodrigo Toscano.

 

Para ouvir: