Após adiar sua turnê “mais política”, Roger Waters encontrou uma forma de se posicionar enquanto apoia a quarentena. Aliás, o músico aproveitou a deixa para pedir a todos que ficassem em casa.
Diretamente de seu estúdio caseiro, o músico gravou uma versão da música El Derecho de Vivir en Paz. Original do chileno Victor Jara, a faixa ficou conhecida como um hino contra regimes ditatoriais.
Escrita em 1971, a letra inicialmente se referia ao líder comunista vietnamita Ho Chi Minh. No momento, os EUA estavam em guerra contra o país.
Anos depois, quando o regime ditatorial de Augusto Pinochet tomou conta do Chile, Jara foi perseguido, torturado e morto. Entretanto, sua canção eternizou-se como um símbolo de resistência.
A música foi revivida em protestos locais de 2019 contra o presidente Sebastián Piñera. Entretanto, Roger Waters relembrou a canção novamente este ano para uma dedicação mais ampla.
O músico direcionou a cover às pessoas de Santiago, Quito, Jaffa, Rio de Janeiro, La Paz, Nova York, Bagdá e Budapeste. Ressalta que ela também cabe a “todos os outros lugares em que o homem tenta nos machucar”.
Waters então adaptou a letra para os tempos atuais, nomeando os presidentes Bolsonaro e Trump. Confira trechos da letra modificada pelo músico:
Da minha cela na cidade de Nova York
Eu posso ouvir os cacerolazos [panelaços]
Eu sinto o seu cheiro, Pinero [em referência a Sebastián Piñera, presidente chileno]
Todos os ratos malditos têm o mesmo cheiro.
Então cuidado Bolsonaro, Guido [provavelmente em referência a Guido Fawkes, site da direita inglesa] e [Narendra] Moti e [Donald] Trump
O cacerolazo é mais alto que todas as suas armas
É o coração das pessoas batendo
E a mensagem está perfeitamente clara
Nossa mãe Terra simplesmente não está à venda.
A cover foi divulgada pelo Facebook, acompanhada de insertes em fotos. Confira: