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Romper Stomper #37 – Rancid Além do Rancid

Dentro de algumas horas vamos testemunhar aquilo que por muito tempo todos imaginaram ser impossível, um show do Rancid no Brasil. Embora muitas pessoas não irão devido ao valor superfaturado do Lollapalooza, inclusive este que vos fala, embora a banda tenha dado uma bela de uma xoxada nos últimos anos, temos que reconhecer que este show será um marco histórico. De todas as grandes bandas do punk rock que estão na ativa, o Rancid talvez seja a única que faltava pisar em solo brasileiro.

Porém, o objetivo desse post é contar a história que vai além da banda. O que eles fazem fora do Rancid, no seu passado e presente, o que comem, como vivem, enfim, esse tipo de coisa. Hoje, no Globo Rep… na Romper Stomper.

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Importantíssimo lembrar que a pessoa que está escrevendo esse texto é fã incondicional não só do Rancid, mas também de todos os projetos envolvidos dos integrantes. Nesse momento, o crachá do fãboyzismo foi passado na catraca, então, já peço desculpas por qualquer tipo de exagero.

Vamos começar as histórias paralelas ao Rancid pelo começo, nas origens da banda.

Tim sempre teve uma conexão muito forte com a música, e logo na adolescência, largou a escola para se dedicar à pratica. Se envolveu em diversos projetos como o Basic Radio, sempre acompanhado de seu grande amigo Matt Freeman, e o mais famoso desses projetos pré-Rancid, com absoluta certeza, foi o Operation Ivy. A banda fez um grande nome no underground californiano na metade dos anos 1980 por misturar elementos do ska de bandas como The Specials com o punk rock melódico estilo Ramones. Porém, o caldo desandou e cada um foi para um lado. Um pouco da história da banda, inclusive é contada em Journey To The End Of The East Bay.

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Após a dissolução do Ivy, Freeman e Armstrong ainda tentaram projetos como o Dance Hall Crashers e o Downfall, mas quando Matt Freeman entrou para a banda de hardcore MDC, a coisa ficou mais séria e os projetos foram abandonados.

Tim durante esse período chegou a morar nas ruas de Berkeley, trabalhou como roadie e como uma espécie de flanelinha. Mas quando Freeman voltou da tour europeia do MDC, o baixista quis retornar com um novo projeto com seu velho amigo, daí nasceu o Rancid.

Como o resto da história a gente já sabe, vamos ao universo paralelo à nave mãe.


Tim Armstrong:

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Talvez de todos os integrantes da banda, Tim Armstrong é o que mais trabalha. Tim é ator, produtor, artista plástico, luthier, diretor de videoclipe, empresário, roteirista, e ainda sobra tempo para ser sex symbol, e apesar de ser um workaholic com multi-habilidades, nos altos dos seus 50 anos, Tim não sabe dirigir, e nem sequer conseguiu habilitação de motorista.

Durante a pausa que o Rancid deu após a tour de Life Won’t Wait em 1999, Tim passou bastante tempo compondo e experimentando novos ritmos em seu porão, mas no final das contas acabou desencanando por não combinar muito com a proposta de sua banda. Seu amigo e roadie Skinhead Rob apresentou algumas rimas que vinha fazendo, pois gostaria de se arriscar no rap. Imediatamente Tim resgatou suas composições, que casavam perfeitamente com as rimas de Rob, e após algum tempo trabalhando nelas, viram que ali se formava um novo projeto. As músicas foram mostradas para Travis Barker do Blink-182, que não conseguiu segurar a emoção e se ofereceu para entrar no time, estaria formado assim o Transplants.

A banda tinha um som inovador para a época, e bem original. Misturando punk rock, com drum’n’bass, rap, e até cumbia já tocaram. O Transplants não tem limite para criar e, principalmente, não tem medo de misturar ou adicionar um novo elemento no seu som.

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Na época que a banda apareceu, fez um certo sucesso, e inclusive essa música aí de cima fez parte do comercial do Shampoo Garnier Fructis. Ultimamente é uma banda que escuto mais do que o próprio Rancid. Tem três discos que não enjoam, cada um com uma história e cara diferente. Inclusive, a faixa inaugural do primeiro disco do Transplants batiza essa humilde coluna.

Tim tem vários projetos, se for falar fico até amanhã escrevendo, mas outro que fez e faz bastante sucesso até hoje é seu Tim Timebomb & Friends, uma espécie de jam session em que Tim chama seus melhores amigos para regravar algumas músicas, ou até compor algumas novas. Dessa vez Tim ultrapassou as suas próprias barreiras em compor. Tipo, sério que alguém algum dia pensou que Tim Armstrong iria compor um bluegrass como She’s Drunk All The Time? Ou que faria um cover de The Faces, e pasme, viraria hit!? Acho que não, né?

Como produtor musical, Tim ganhou dois Grammys, um trabalhando com P!nk em Trouble, um single que seria do Rancid, e outro com a lenda viva chamada Jimmy Cliff, em um disco que o mestre do reggae regravou clássicos do punk rock como Guns Of Brixton do The ClashRuby Soho do próprio Rancid.

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Ultimamente, Tim tem se arriscado mais nos bastidores. O puta clipe de Bang! Bang! do Green Day foi dirigido por ele. Mas uma das maiores ocupações de Tim ultimamente é sem dúvida investir no The Interrupters, onde atua como empresário direto da banda, produtor e guru, praticamente um quinto integrante.


 

Matt Freeman:

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Matt Freeman é um baixista que sempre foi disputado à tapa. Além das bandas citadas, Freeman fez uma tour com o Social Distortion entre 2005 e 2007. Em 1995 formou um projeto de ska, o Shaken 69, que durou pouco tempo, Em 2000 Mr.Freeman planejava um projeto de psychobilly.

Conversando com seu velho amigo Tim Armstrong e o batera Brett Reed, nascia assim o Devil’s Brigade. A banda lançou o single Stalingrad/Psychos All Around Me em 2003, seguido do EP Vampire Girl em 2005. Em 2010 o Devil’s Brigade voltou com nova formação, sai Brett Reed, entra DJ Bonebreak (X), e com essa formação sai o primeiro disco da banda, o homônimo, do mesmo ano.


Lars Frederiksen:

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Lars Frederiksen sempre foi um cara que viveu, respirou e seguiu o punk rock no seu limite. Seja na sua ideologia, comportamento e obviamente sonoridade. Pode-se dizer que a banda que fez Lars sair um pouco ali da casinha foi mesmo o Rancid, pois seus projetos paralelos se mantém fiéis ao Oi! e ao street punk clássico. Além de já ter feito algumas tours com o UK Subs ainda jovem, como mencionamos anteriormente, Lars fundou seu primeira banda fora do Rancid em 2001, o Lars Frederiksen & The Bastards.

Apesar de não ter um sucesso comercial gigantesco (o que acaba sendo a intenção do projeto), a banda conquistou fãs do gênero por todo mundo, inclusive o lutador de MMA Chuck Liddell, que sempre fazia questão de entrar no octógono com uma camisa da banda. O The Bastards teve vida curta, apenas 4 anos, e nos deixou dois baita discos para se apreciar, o homônimo, de 2001, e Viking, de 2005.

Em 2010, Lars ingressou em um novo projeto, o The Old Firm Casuals. A banda lançou o disco This Means War em 2014. De lá pra cá ,a banda lançou alguns EPs, coletâneas e muitos splits, que fica até difícil enumerar. Ainda seguindo com o Casuals e o Rancid, paralelamente, Frederiksen se arriscou em outra banda, dessa vez com os amigos de Phoenix, Arizona, o cara montou o Oxley’s Midnight Runners. O quarteto já lançou 2 EPs (We Are Legion, de 2015, e Invasion, de 2016) e se prepara para lançar mais um, Combat.

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Branden Steineckert:

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Branden dedicou toda a sua vida ao The Used, desde os tempos de Strange Itch Dumb Luck. Porém, em 2006, após a saída de Brett Reed (que antes que perguntem, não faz música desde então), o jovem foi convidado a fazer os últimos shows da tour norte-americana. Na virada do ano, Branden recebeu a proposta que qualquer baterista da sua idade e fã de punk rock gostaria de receber: se juntar permanentemente ao Rancid. Proposta que foi aceita rapidamente e sem pensar, e em Let The Dominoes Fall o jovem já entrou em ação.

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Além de ter seu passado franjudo, Branden é fã de futebol, não o americano, o nosso mesmo. Inclusive, é torcedor fanático do Real Salt Lake City, time que o jovem ainda compôs o hino.

Branden, você é legal, mas ainda lembramos do seu passado.

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O Rancid, sem dúvida alguma, é uma das bandas mais importantes musicalmente, e historicamente do punk rock. A influência e o legado que a banda deixou são algo que gostando ou não, temos que respeitar. Quer dizer, se dos anos 1990 pros 2000 tivemos um boom de bandas ska punk, devemos muito ao clássico …And Out Come The Wolves, pois o ritmo até então estava morto e enterrado. E convenhamos, o próprio punk não saía do underground por um bom tempo, né?

Não vou poder ir ao show hoje, fico muito triste por isso, mas fico muito, mas MUITO feliz mesmo pelos amigos que estão indo, comprando camiseta, postando música e entrando no clima. E, de fato, quando tocar essa aqui, não vai sobrar um vivo. Senhoras e senhores, apertem os cintos, pois a bomba relógio está prestes a explodir.

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Se o papo é de ska, semana que vem faremos um apanhado da história desse ritmo tão rico e injustiçado. Stay rude!

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