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Rush – Exit… Stage Left, o power trio definitivo

RICARDO AMARAL

Minhas memórias a respeito de um som específico nem sempre são imagens comportadas e imaculadas. No caso, estamos falando de Rush, logo, não havia como está explosão de sons estar ligada a qualquer candura memônica.

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Meus amigos, no final dos anos 1970, foram vindo da minha amizade com o César (já mencionado na coluna do Clash). Todos eram sócios de Clube dos Ingleses e t’inham uma formação roqueira muito mais pragmática do que a minha.

Resolvemos, num sábado, invadir um Rock Party, no Yatch Club de Santo Amaro, Clube Alemão às margens da represa de Guarapiranga.

Como não conseguimos entrar pela porta, optamos por dar a volta e entrar por um terreno ao lado… Lewis o mais ousado de nós, tomou a primeira iniciativa e escalando a cerca divisória, lançou- se para a área do clube. Nunca vou esquecer, porque ouvíamos Passage to Bangkok, clássico do Rush, na versão, exatamente, do álbum que nesta destacamos.

Depois do Lú, pulamos todos. Tudo certo… Não fosse o fato de o Lú estava de calça branca e o terreno era um charco. Durante toda festa, Lú desfilou, sem nenhuma vergonha, com meia calça branca, meia calça marrom-charco.

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Rush é comparado de forma comum a bandas de heavy rock de sua época, como AC/DC, Van Halen etc. Mas Rush é um trio. Um power trio. Quem escuta Exit… Stage Left (1981) tem a impressão de cinco pessoas no palco. Nada! Os três cavaleiros do Rush, Geddy Lee, Neil Peart e Alex Lifesou são músicos excepcionais e sua desenvoltura no palco reproduz, impecavelmente, o som que gravaram no estúdio.

A banda canadense é talvez a mais virtuosa da história do rock. É lógico que muitos aqui me dirão.

– “ E o Yes, o Genesis, o Led…”? Todas virtuosos, mas nenhuma delas é um trio.

Exit… Stage Left é o segundo disco ao vivo do Rush e o único que lançou um vídeo (sim, na época VHS) com as imagens do show. A performance maravilhosa no Montreal Fórum, no Canadá, em 1981, como disse, parece disco de estúdio.

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O disco abre com Spirit of Radio, uma dos mais bem executadas performances deste hit. Mas vou, como sempre, aos meus destaques pessoais.

YYZ! A maior performance de bateria que ouvi em toda minha vida! Neil Peart é único. Sua bateria é composta de tanta coisa que a gente só entende o que é esse cara ouvindo as viradas nesta canção. As baquetas parecem metralhar os Tom- Tons como se estivessem num mesmo lugar.

Close to the heart é uma obra prima. Talvez, depois de Imagine de Lennon, a canção filosoficamente mais importe da história do rock. A letra cobra dos políticos e daqueles que decidem nossas vidas, que suas ações sejam tomadas mais próximas do coração. Pelo menos, como utopia, compete com Imagine.

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Xanadu. Uma canção surpreendente e uma de minhas favoritas. Um rock progressivo. Ela demora um pouco pra “engatar”, mas quando toma corpo é puro rock. Doze minutos de perfeição na execução.

Tom Sawyer, a mais popular das canções do Rush, tem uma batida irlandesa e cheia de mistérios e variações. Mais uma vez Neil Peart estraçalha a bateria fazendo viradas inacreditáveis.

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O Rush não é uma banda para qualquer um. Você tem que exigir de seu ouvido muito mais do que tra-la-las e la-di-das. Suas composições beiram a erudição, logo, se você gosta de canções com quatro acordes, nem se dê ao trabalho.

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