VINICIUS HOLANDA
Não tem segredo: o Tame Impala é o bambambã dessa onda neopsicodélica que assola o rock atual. Mas se há uma banda fungando no cangote dos australianos, esta se chama Temples.
O quarteto de cabeludos excêntricos acaba de lançar seu segundo álbum, Volcano, e confirma seu lugar de destaque dentro dessa tendência. O novo trabalho mantém o nível de excelência atingido já na estreia dos ingleses, com o ótimo Sun Structures (2014).
A canção inicial, Certainty, dá uma boa mostra da ‘cara’ do disco: tem um riff de teclado ‘grudento’, refrão melodioso e aposta no clima viajandão no debute, mas com uma atmosfera mais solar. De certa forma, Adam Thomas Smith, o tecladista e eventual guitarrista, parece ganhar mais importância na estrutura do som.
Ouça (I Want to be Your) Mirror, em que a cama de órgãos e sintetizadores cria a atmosfera. É possível encontrar ecos de Hawkwind, na fase mais lisérgica, e até de Jethro Tull.
Por ironia, a voz do líder James Bagshaw está cada vez mais parecida com a de Kevin Parker, do… Tame Impala. Principalmente nos falsetes. A inevitável comparação com o grupo australiano se mantém.
Ainda mais com a acentuação do uso dos teclados neste novo álbum, que acaba remetendo ao último trabalho dos ‘concorrentes’, o bem sucedido Currents. Duvida? Ouça Born Into the Sunset ou Celebration e veja se não encaixariam no trabalho alheio.
Se o primeiro disco apontava em várias direções, este parece encontrar um caminho mais definido. As inspiradas canções trafegam pela psicodelia, o space rock e chegam a resvalar no progressivo em alguns momentos. Mas o clima geral é menos soturno que o do começo – há até faixas dançantes, como Mistery of Pop e Roma God-Like Man.
Volcano não deve decepcionar Noel Gallagher e Johnny Marr, que, no lançamento do álbum de estreia, chegaram a declarar que o Temples era a banda mais interessante do novo rock. Opinião bem abalizada.