Uma excelente sexta-feira aos leitores do Blog N’ Roll. O clima é de fim de ano, mas, felizmente, a vida não para – e a coluna também não.
Para o último Ruídos do ano, busquei sair um pouquinho da zona de conforto e ir atrás de bandas que fugissem do rock ou do alternativo (citar grunge e David Bowie em todos os textos, as vezes, pode soar repetitivo), e foi com a recomendação de uma amiga que acabei descobrindo o The Isley Brothers.
O grupo – formado pelos irmãos Rudolph, Ronald e O’Kelly Isley – é um dos mais influentes do soul e do R&B norte americano. Com uma longa e bem sucedida trajetória, os irmãos passaram um bom tempo sem saber o que é fracasso, emplacando pelo menos um single por década na Billboard dos anos 1950 até os anos 1980. Uma das poucas bandas da história a atingir o feito sem titubear no meio da caminho. O Pink Floyd não conseguiu.
Apesar de um sucesso prematuro (Shout, um dos primeiros singles da banda, tornou-se logo um dos maiores clássicos da música estadunidense) pode-se dizer que a banda jamais ligou o piloto automático, passando por sonoridades distintas e se encaixando como podia nas estéticas propostas pelo mercado e pela juventude vigente ao decorrer de sua trajetória. Tal como os Beatles, os Isley Brothers também precisaram passar da fase engomada pra chegar na selvagem e, dessa forma, evoluir suas propostas musicais.
Um dos maiores exemplos dessa metamorfose sonora é o disco Between The Sheets, de 1983. Sem deixar o soul de lado, aqui, banda engata na moda dos synths cafonas e dos timbres que no futuro marcariam os clássicos da pornochanchada da época. O resultado, por incrível que pareça, é bem legal, e levou a banda ao topo da Billboard com a faixa título. É aquele tipo de disco pra casais apaixonados, e se fosse brasileiro, se chamaria “Pitangas & Morangos”.
Hoje, o trabalho pode soar melhor pra juventude do que anos atrás, visto que a tal da “estética oitenta” é, cada vez mais, ressuscitada pela galera do Mac Demarco e do vaporwave (se Jesus transformava água em vinho, esses artistas transformam o brega em cool e tendência pra nova geração). Não é à toa que teclados datados, principal característica do disco, já são de lei pra qualquer novo artista indie do tipo.
Por outro lado, outras bandas do século, como Gnarls Barkley e Alabama Shakes, são potencialmente influenciadas pelo soul raíz apresentado no início da carreira dos irmãos. A influência do grupo é absurda, e se olharmos a longo prazo, podemos enxerga-la em nomes de força no cenário mundial, como Funkadelic e, olha só, Jackson Five. Se você curte essas bandas, não tenho dúvidas de que a fase clássica do grupo é a sua praia.
Voltando pra 2017, a banda segue em atividade, embora não lance mais discos há um certo tempo. A formação mudou muito com o passar dos anos, chegando a ser um sexteto. Hoje, é uma dupla formada por Ronald e Ernie Isley. Segue algumas das faixas mais importantes do grupo:
https://youtu.be/qFCePEPdaU4
https://youtu.be/MD-9eOWsp8o
Em tempo, quero desejar um feliz 2018 aos que acompanham o blog e a coluna. 2017 me trouxe algumas realizações, e ter meu espaço para escrever sobre aquilo que gosto é uma delas. Obrigado por fazer parte disso. Até o ano que vem.