Rashid fez o lançamento de seu novo álbum Tão Real na calada da noite desta sexta-feira (6), por volta da meia-noite. Seis faixas compõem o repertório do que o músico denomina a primeira das três temporadas.
Assim como no teaser disponibilizado pelo artista no último dia 21, o disco, que mais se parece com um EP, fala sobre ele enquanto arte e pessoa (uma coisa só). Tanto que a capa do álbum é uma mostra de sua pele.
Ao ouvir todo o repertório, sinto que Rashid mais uma vez fez algo diferente. O que parece ter ficado do álbum Crise (2018), foi a ordem como escolheu colocar as músicas. A faixa seguinte é sempre diferente da anterior, na batida, na forma da rima e do assunto. Sinto que isso torna o álbum muito mais interessante, com aquela suspeita de o que vem agora? Um desabafo pessoal, um lovesong, uma música mandando recado pro sistema opressor?
Faixa a Faixa de Tão Real
Conceito (de Rua). A música começa com a introdução de um jornalista ou apresentador perguntando sobre o conceito do novo álbum do rapper. A resposta cê já sabe né? Me lembrou um pouquinho (vagamente) Primeira Diss (2018). Nesta faixa, Rashid questiona quem o ouvinte é quando ninguém está vendo. Se aquela pessoa é da rua mesmo, representa a vivência ao invés de só falar, tipo os boys.
Em seguida é introduzida a faixa Não Pode, com o feat do rapper carioca Luccas Carlos. A batida é mais pesada. “Premiado pelo sim, motivado pelo não… Eles continuam falando mal, eu continuo fazendo bem”. Como pode notar, as rimas já são mais auto-afirmativas. Se eu fosse caracterizar, falaria que parece uma música para demarcar território.
Já a faixa seguinte, Todo Dia, te puxa para a realidade. O feat e a introdução é do cantor paulista de reggae Dada Yute. Uma abordagem mais política. Só os trechos “Extra, extra: um preto foi morto no Extra” e “O silêncio mata”, fala sobre temas atuais, casos de racismos atuais, e o preço da minha, da sua e de toda a isenção da sociedade.
“Mano, isso aqui tá parecendo aqueles rap que nós fazia antigamente, tá ligado?” A fala antecede o começo quarta música do álbum: Busca. A mensagem é que ele não tem que provar nada pra ninguém. Parece um aprendizado unânime na vida das pessoas, mas cada uma tem seu processo para chegar a essa conclusão e agora ele está mais à vontade para falar isso. E é nesse clima que ele encerra: eu nem te conheço pra você dizer se eu sou ou não alguém… e ao fim a fala de fundo: Tamo na busca.
Realidade nas letras
Posteriormente aparece Tão Real, a quinta faixa do álbum. Ela reflete a vida do rapper. Quando a cortina abaixa e o show acaba, ele continua sua vida, sofre com seus dilemas, como a ausência nas relações familiares, e um pouco de culpa pela morte de um fã. Ele está abrindo o coração, por isso, tão real.
Finalizando, Superpoder é o feat com a cantora carioca Lellê, e é feita para colocar em uma segunda de manhã, quando você quer acordar de boas, aproveitando a simplicidade da vida, tipo um sopro no ouvido.
Legado de Rashid
Tão Real é o lançamento de 2019 que vem para somar aos demais trabalhos de Rashid: Hora de Acordar (2010), Dádiva e Dívida (2011), Que Assim Seja (2012), Confundindo Sábios (2013), o EP [R&K] Seis Sons (2014), A Coragem da Luz (2016), EP Diário de Bordo (2017) e Crise (2018).
Documentário
Após o lançamento do álbum, Rashid surpreendeu os fãs com um documentário sobre a gravação do álbum. Ademais, os dois primeiros episódios foram disponibilizados no YouTube do rapper. Assista abaixo.