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Tiny Music, a reinvenção do Stone Temple Pilots

Após um longo processo na busca por um novo frontman, o Stone Temple Pilots finalmente divulgou um novo single essa semana. Sob os vocais do americano Jeff Gutt, Meadow é um resgate aos tempos áureos da banda, e me ressuscitou uma vontade antiga de comentar sobre o último grande disco dessa dita fase: Tiny Music… Songs From The Vatican Gift Shop, lançado em 1996 pelo quarteto.

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Quando a banda lançou seu primeiro disco, Core, estava mais do que certo de que o grupo de Los Angeles não seria mais do que ração para uma MTV sedenta por sósias do Pearl Jam. O single Plush gerou diversas críticas ao grupo devido a uma certa similaridade com os “rivais” comandados por Eddie Vedder. Uma bobagem da mídia, que mais uma vez tentava inserir uma banda de rock alternativo em um movimento restrito, inicialmente, a apenas quatro bandas de Seattle.

Os californianos não gostaram disso, e mudaram seus rumos pra gravação do segundo disco. Purple, lançado em 1994, solidifica a sonoridade do grupo como algo único e muito distante do que era feito pelas principais bandas grunge, que a essa altura já começavam a se desvincular do movimento em decorrência do suicídio de Kurt Cobain. O álbum em si é mais do que um discaço, é um discaralhaço, e apresenta o melhor que o Stone Temple Pilots já conseguiu fazer em estúdio. Mas não é dele que vamos falar.

Passado todo o hype do segundo disco, chegou a hora de dar prosseguimento ao que estava sendo feito. Com Tiny Music, o Stone Temple Pilots se viu com as mãos livres para transcender sua musicalidade da forma que melhor entendesse. Com a decadência do grunge, o livre arbítrio para com o experimentalismo e a busca por novos horizontes passaram a dar as caras na maioria das gravadoras, que a essa altura já estavam mais preocupadas com bandas da nova safra punk como Green Day e Offspring.

No álbum, os irmãos DeLeo concretizam ainda mais a identidade instrumental do grupo e arriscaram novas soluções. Dessa vez, a sonoridade parece abraçar uma gama muito mais robusta de influências, o que causa uma certa dissonância interessante para o disco, que conversa tanto com o que estava sendo produzido em 1996 quanto com petardos improváveis da década de 1970. Segue o faixa a faixa.

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O trabalho começa com um Pink Floyd soft. Press Play é uma faixa introdutória e até um tanto conceitual, e mesmo não sendo uma música em si, sintetiza um pouco o espírito de metamorfose do disco com a forma sutil que é conduzida. Em outras palavras: tem que ter muita moral para começar um disco com um jingle de elevador.

As duas faixas seguintes dão ao fã a continuidade que ele esperava após o sucesso de Purple. Pop’s Love Suicide e Tumble in the Rough conversam com o disco antecessor, mas com toques mais leves. Um contraponto negativo é que a voz de Scott está visivelmente mais fraca do que o comum em ambas as faixas, espelho da situação em que o vocalista se encontrava com as drogas no período de gravações. Curiosamente, Tumble in The Rough fala justamente sobre um indivíduo com dificuldade de se livrar das drogas.

Big Bang Baby apresenta um lado voltado ao pop rock glam, mas com uma hipnose de riffs característica dos anos 1990. Isso segue em Lady Picture Show, que ainda conta com algumas influências da fase terminal dos Beatles. Ambas as faixas foram lançadas como singles e são muito poderosas quando tratadas como tal. O poder de produzir canções absurdamente pop e simultaneamente autênticas sempre foi um dos grandes fortes do STP.

Esse poder é justificado de vez com Trippin’ on a Hole in a Paper Heart, um hit arrasa-quarteirão que casa bastante com os dois primeiros discos do grupo. O refrão te pega e não solta nunca mais. Apesar de não estar com as melhores condições vocais, Scott Weiland apresenta uma qualidade e personalidade que não se vê mais hoje em dia, e nessa canção isso fica mais claro do que nunca. Como nem tudo são rosas, a música abre espaço para a faixa mais chata e dispensável do disco: Art School Girl. Mas não vamos falar dela.

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Antes de prosseguir, é importante pra total percepção do disco falar de And So I Know, a sexta faixa. Após dois hits agitados em sequência (Big Bang Baby e Lady Picture Show), o quarteto quebra totalmente o andamento com uma bossa nova atmosférica e reverberada, para não dizer melancólica. É como se um novo clima fosse criado em cima de tudo. Esse clima casa um pouco com Adhesive, nona faixa, que é praticamente um jazz com toques psicodélicos. Ambas as faixas servem como soundtrack para dias chuvosos e relaxantes. Fresh & Chill.

Ride The Cliché é, assim como as primeiras faixas, um resgate aos primeiros discos do grupo. As linhas de guitarra e baixo nessa música são a síntese de toda a sincronia impecável que o álbum apresenta. Acredito ser uma das melhores do disco como um todo, pois apresenta traços de tudo o que a banda já fez e viria a fazer futuramente.

Daisy é bonitinha e instrumental. Levadinha no violão. A última faixa, Seven Caged Tigers, lembra o que bandas como Blur vinham fazendo no momento, desde a forma como os instrumentos são conduzidos até o jeito como Weiland brinca com sua voz. É bem pop, e poderia, facilmente, ser lançada como single. Fecha o disco de forma maravilhosa.

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Infelizmente, as constantes confusões de Scott Weiland e seu vício em drogas fizeram com que a turnê fosse cancelada prematuramente, o que dificultou a engrenagem. No entanto, o disco atingiu o 4º lugar nos Estados Unidos, vendendo mais de 2 milhões de cópias. Isso não significa muita coisa, visando que o Stone Temple Pilots, querendo ou não, nunca foi tão reconhecido quanto deveria nos padrões do rock mundial. Quem perde é o rock mundial.

Um excelente final de semana!!!

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