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Um carinho no segundo álbum do Television


Assim como a maioria das bandas que se prendem ao fardo da obra-prima, o Television se encontrou num beco sem saída após o estouro de Marquee Moon. Lançado em 1977, o disco explodiu como uma das obras mais icônicas da história do rock n’ roll, e colocou o grupo numa sinuca de bico: como superar um clássico desenvolvido por eles mesmos?

A resposta – certa ou errada – veio com Adventure, em 1978.

A começar pela escolha da capa – que abdica do sombrio para um vermelho vivo – o álbum se desenvolve quase que integralmente como um contraponto do seu predecessor. As canções, aqui, correm para o lado popular da coisa, tanto em suas progressões quanto em conceitos mais básicos, como a duração: as faixas têm, em média, quatro minutos.

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No entanto, embora no fim das contas a proposta articuladamente pop do projeto não tenha obtido o sucesso esperado por Tom Verlaine – é dispensável frisar que o lançamento não tenha 5% do prestígio de Marquee Moon –, o disco ainda figura como um excelente registro, com excelentes composições e apresentando músicos em seu apogeu criativo.

Faixas como Glory, Careful e Days podem não tirar o disco da sombra de seu irmão mais velho, mas funcionam para mostrar uma faceta diferente e diversificada do grupo novaiorquino, que se apoiou no folk e nos ensinamentos do The Velvet Underground – no Loaded, em especial.

A pluralidade de influências (extravasada na magnífica The Dream’s Dream, uma ode punk ao space rock) torna o disco bastante rico e pouco redundante. As faixas fluem em uma marcha extremamente palatável, de forma que o descompromisso pode tomar conta da experiência sem afetá-la negativamente – uma quase utopia no caso de seu predecessor. Em outras palavras, se Marquee Moon te surra com um bambu, Adventure te abraça e até ciranda com você.

Vale lembrar que, pela primeira vez, os músicos do Television se viram na pressão de criar músicas especificamente para um trabalho e elaborar um conceito fixo. Para Marquee Moon, a seleção de faixas contou com composições desenvolvidas por, no mínimo, cinco anos; em Adventure o grupo teve que se programar do zero em um intervalo de poucos meses.

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https://www.youtube.com/watch?v=imPl4gS_GwQ

 

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