Foto: Divulgação/Viratempo
Dois anos após o lançamento de seu primeiro EP, Viratempo, carregado da sonoridade neofolk em faixas como Novembro e Caixa de Música, a banda paulistana deu uma nova guinada para o lançamento do primeiro disco, Cura, nesta sexta-feira (16).
A transição para um estilo que caminha entre o dreampop e o trip hop começou com o processo de composição do novo disco, no ano passado. Não mais um quinteto, a Viratempo é formada por Vallada (vocalista/synths), Hygor Miranda (baixo), Dan Albuquerque (guitarra) e Max Leblanc (baterista). Durante a composição do novo trabalho, os músicos perceberam que estavam na iminência de se descolar do folk, prontos para explorar novos sons e decidiram se aventurar nas novas possibilidades.
Cura é composto por dez faixas que misturam batidas hipnotizantes, sintetizadores e um instrumental melancólico. As letras, carregadas de sentimento, falam sobre a transformação pessoal através das experiências dolorosas e a busca incansável pela cura (leia a entrevista completa com a banda no fim do texto).
O disco conta com algumas participações especiais. Entre elas, a voz do músico pernambucano Otto, dá vida ao poema da cantora Ananeci na faixa que dá nome ao disco. A música, de pouco menos de dois minutos, ganhou um teaser que antecedeu o lançamento do álbum. Já na faixa Quarto, a letra é colorida pela voz delicada da cantora Gab Ferreira.
Escute o disco na íntegra: http://smarturl.it/viratempo-cura
Zaviê Leblanc, pai do baterista da banda e integrante da banda Metrô, famosa nos anos 80, colaborou com o baixo para a música Fatos e Fotos, que abre o disco.
Entre as referências nacionais para o novo disco, a banda cita YMA e Mahmundi e falam sobre o conceito do novo trabalho. O álbum foi gravado e produzido por Rodolfo Simor e Viratempo. Cura já está disponível em todas as plataformas digitais.
O vocalista Vallada e o baterista Max Leblanc conversaram com o Blog N Roll sobre o novo trabalho da banda:
1 – Oi, pessoal. Tudo bem? O disco Cura marca um novo momento na carreira da Viratempo. Como foi o momento de ‘virar a chave’ da banda, deixar o folk e embarcar em um momento mais indie?
Max Leblanc: Tudo ótimo! Desde do primeiro semestre de 2017 a formação passou de cinco pessoas para quatro o que fez com que a sonoridade mudasse. Depois de tocar muito o primeiro EP Viratempo nos reuníamos e percebemos que estávamos prestes a nos descolar de um gênero mais fechado como o folk e prontos para experimentar novas sonoridades, principalmente com os sintetizadores e a guitarra elétrica que entraram nos ensaios pra ficar. O momento de virar a chave foi quando começamos a conceber o projeto de gravar um álbum cheio.
2 – Como é a relação de vocês com o Otto? A parceria vem de outros tempos ou começou com a faixa Cura? Ele tem Mais alguma participação no disco, seja em alguma música ou na produção/gravação?
Max Leblanc: O Xavier Leblanc, meu pai, é amigo dele, então já tinham rolado alguns encontros sem nenhuma ambição maior. E quando recebemos o poema da nossa amiga Anaceci a primeira pessoa em quem pensamos para interpretar foi ele, aquele sotaque forte e a voz expressiva era o que a gente buscava, um toque diferente pra abrir o álbum. A gente ligou pra ele, falou do trabalho, mostrou a música e ele topou na hora. Grande Otto!
3 – Como a transformação e a busca pela Cura permeiam as canções do disco? Elas são inspiradas em experiências coletivas da banda?
Vallada: Como as letras das canções do disco foram compostas por pessoas diferentes (eu, Dan Albuquerque, Hygor Miranda e os poetas Luiz Picanço e Fabricio Garcia), as experiências acabam sendo únicas e individuais, mas que estão situadas na mesma matéria: a perspectiva e reflexão sobre si em um momento de transformação (solidão, nostalgia, saudade, melancolia, contemplação) e a busca por uma cura, seja ela qual for, a esse momento, seja ele efêmero ou duradouro.
4 – A inspiração no dreampop sempre existiu? Vocês quatro ouvem as mesmas bandas?
Vallada: Sim, desde a fase inicial da banda ouvimos muitas bandas de dreampop e gêneros relacionados como shoegaze e synthpop. Nós ouvimos muitos artistas em comum, como Hiatus Kayote e Anderson Paak, mas cada um de nós pende mais para um lado: Dan e Hy gostam muito de jazz e neo-soul, Max é fã de rap, e Vallada ouve muito new wave, lo-fi e r&b.
5 – A mudança da banda vai muito além do aspecto musical, mas também toca na estética e nas cores da “paleta de cores” da Viratempo. Como foi desenvolvido o lado visual do disco?
Vallada: A identidade visual desenvolvida pelo mim está sendo trabalhada há quase 2 anos, quando começamos a criar as músicas e elaborar o Cura. Queríamos que a nova identidade conseguisse nos representar e ao mesmo tempo representar nosso som. Com referência na estética de bandas de pós-punk, artes sci-fi do anos 80 e tendências atuais de design, optamos por uma estética mais sóbria, utilizando cores escuras, com contraste de cores fortes (magenta e ciano) e misturando elementos dos anos 80 e 90. A partir disso, chegamos a uma estética oitentista mas ao mesmo tempo atual, remetendo à intertextualidade do nosso som, da nossa imagem, e dando um ar etéreo e misterioso para a ‘Cura’.