Em 1969, Elton John se lançava sem o mundo estar pronto para ele. Diferente das vendagens de seu segundo álbum, Elton John, que vinha com a obra prima Your Song, seu debute não chamou tanta atenção na época, talvez até porque mostrava-o ainda tímido, totalmente fora dos padrões de como o conhecemos atualmente.
Tendo sido escolhido o nome de Empty Sky, o álbum mostrava um Elton John pronto para sair das sombras e virar o endiabrado de roupas, óculos e vícios. Misturando psicodelismo, música barroca, rock e passagens de jazz, o músico, como foi dito na sua cinebiografia Rocketman (2019), matou quem ele era para se tornar quem queria ser.
Empty Sky
A faixa-título abre o álbum em uma calmaria de pianos e bongôs, seguido por uma explosão da bateria, liderada por Roger Pope e Caleb Quaye na guitarra e Elton John e sua voz característica berrando “I’m not a rat to be spat upon, locked up in this room” (Eu não sou um rato, para ser trancado neste quarto).
Val-Hala faz o inverso de sua antecessora. Se teve um início animado, ela te joga em uma melancolia divagante, acompanhado por Elton tocando cravo elisabetano. Western Ford Gateway e Hymn 2000 dão um leve upgrade no álbum, seguido o estilo psicodelismo pop que tomou conta da Tin Pan Alley (rua de Londres onde acontecia todos os movimentos artísticos).
Sails é considerado por muitos fãs como uma das obras mais obscuras e esquecíveis do músico. O que não entendo, por ser um rock que poderia muito bem ter sido incluso em alguns de seus discos clássicos, com backing vocals eletrizantes com a voz de Elton duplicada, um solo de guitarra pulsante, bateria marcante.
O destaque fica para Skyline Pigeon. Revertida ao básico, a instrumentação e sessão rítmica foi retirada, e é fácil imaginar Elton John ocupando o lugar de Mozart, sentado em um cravo e acompanhado de um orgão.
A última faixa, Gulliver/Hay Chewed/Reprise é uma clara homenagem aos Beatles. Enquanto o final da década de 1960 era contornado pela sonoridade de blues rock, baladas e folk pop, essa faixa demonstra o poder que Bernie Taupin e Elton John tinham em mãos com seu estilo próprio.
Infelizmente, não recebeu muitas críticas e até passou batido por algumas pessoas. Sendo totalmente válido para estar entre seus álbuns clássicos, Empty Sky é o produto de um artista que ainda estava à procura de sua marca.