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Som na Vitrola - Victor Persico

Som na Vitrola #109 – As músicas esquecidas do Queen


Um dia, em algum bar de Londres, um amigo do Freddie Mercury o encontra sentado com as mãos na cabeça e pergunta se aconteceu algo. O vocalista do Queen responde: “Eu não serei uma estrela. Eu serei uma lenda!”, abrindo os braços no final da frase, para dar aquela famosa dramaticidade.

E não só o Freddie, mas o Queen se tornou. Seja pelas linhas bem trabalhadas de baixo de John Deacon, os agudos de Roger Taylor, o som único da guitarra de Brian May e, claro, pela persona que Freddie Mercury incorporava em seus shows, fazendo do Queen uma das bandas mais bem sucedidas e poderosa da história da música mundial.

Diante de uma discografia de 14 discos (deixando de lado o The Cosmos Rocks), o quarteto se mostra mais do que Don’t Stop Me Now, We Will Rock You, We Are The Champions, Somebody To Love, Bohemian Rhapsody Crazy Little Thing Called Love. 

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Ligue o som e conheça mais do Queen, desde seus primórdios com o primeiro álbum de 1973 até o último, Made In Heaven.

Queen (1973) 

  • The Night Comes Down

Brian May a escreveu logo após a formação da banda, em 1970. A canção segue o que se tornaria temas típicos do guitarrista: envelhecimento, nostalgia e dificuldades da vida adulta. Há uma referência de Lucy In The Sky With Diamonds. “Quando eu era jovem chegou para mim; E eu podia ver o sol surgindo; Lucy estava no alto e eu também”.

  • Doing Alright

Ainda quando o nome da banda era Smile, May e Tim Staffell (primeiro vocalista) a escreveram. Teve diversas versões, desde um pop leve até metal. É uma das poucas músicas em que May assume os pianos

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Queen II (1974)

  • Ogre Battle

Considerada uma das mais pesadas do Queen, Freddie a escreveu na guitarra em 1972. A música tinha planos para ser lançada no primeiro álbum, mas a banda resolveu esperar para ter mais liberdade de estúdio para fazê-la corretamente. Os gritos de ogo no meio são de Mercury. Como o nome sugere, ela conta a história de uma batalha entre ogros.

  • The March of the Black Queen

Composta no piano por Mercuy em 1973, a faixa é uma das músicas da banda que tem polirrimia (assinaturas de tempos diferentes). A música termina numa nota progressiva entrando direto na próxima faixa, Funny How Love Is.

Sheer Heart Attack (1974) 

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  • Bring Back That Leroy Brown

Para quem quer ver a versatilidade Roger Taylor na bateria, Bring Back é uma bela amostra. Fazendo alusão à Bad Bad Leroy Brown de Jim Croce, a canção era tocada mais acelerada e com poucos versos cantados nos shows. Infelizmente.

  • Stone Cold Crazy

Stone Cold Crazy foi uma das primeiras músicas tocadas ao vivo pelo Queen. O crédito de quem a escreveu foi dividido entre o grupo, já que nenhum deles lembrava quem a fez. A letra fala sobre mafiosos, e sua sonoridade é um speed metal. Para alguns, um thrash metal, bem antes do nome ser inventado.

A Night At The Opera (1975)

  • Death On Two Legs

E pensar que o A Night At The Opera abria com um dos sentimentos mais profundos: Ódio! Isso mesmo. Freddie a escreveu para Norman Sheffield, ex-empresario da banda. Mesmo que não há uma referência direta a ele, que havia roubado a banda nos anos anteriores, já que o Queen nessa época, mesmo com alguns sucessos, não recebia quase grana nenhuma.

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A letra é tão feroz e vingativas que Brian May se sentiu mal por ter cantado.

  • ’39

Mais uma letra de Brian May, ’39 descreve a história de um homem que viaja numa nave com velocidade próxima à da luz, alusão à Teoria da Relatividade de Einstein. Segundo May, em uma entrevista concedida à BBC, é basicamente uma ficção científica inspirada na obra do poeta e romancista alemão Hermann Hesse.

A Day At The Races (1976) 

  • You and I

Mais uma música do Queen que, infelizmente, nunca foi tocada ao vivo. You and I é levada pelo piano, tocada por John, que assume o violão acústico.

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  • The Millionaire Waltz

Misture hard rock com valsa. E assim nasce The Millionaire Waltz, que foi escrita por Freddie Mercury e John Reid, empresário do Queen e namorado de Elton John na época. Seguida de multi-compassos e um solo de guitarra em multicanais, a canção destaca o baixo de Deacon nos primeiros minutos da música.

News Of The World (1977)

  • Who Needs You

Uma das poucas músicas do Queen que você se pega pensando “Sério que isso é Queen???”. Brian May toca guitarra espanhola, maracas e Mercury caneca. Sim, caneca de tomar café. É uma das minhas preferidas do álbum.

  • My Melancholy Blues

Um blues que não é jazz. My Melancholy Blues fecha o News Of The World numa calmaria, diferente de seu início com We Will Rock You We Are The Champions. Ver Freddie se lamentar é uma das coisas mais bonitas na história da banda.

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Jazz (1978)

  • Jealousy

Jealousy abre com a guitarra de May fazendo som de buzzing, ou sitar. A letra gira em torno de um homem se lamentando com seus ciúmes pela pessoa amada, e todos os vocais foram gravados por Mercury.

  • In Only Seven Days

Parece que as músicas mais doces, tanto liricamente quanto melodicamente, foram escritas por John Deacon. A música ainda tem uma certa similaridade com Spread Your Wings, do álbum News Of The World. 

The Game (1979)

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  • Need Your Loving Tonight

Influenciada pelos Beatles, a canção foi escrita por John Deacon (mais uma!!!), e é um dos primeiros power pop da banda. Foi lançada como single em 1980.

  • Sail Away Sweet Sister

Brian May assume os vocais nesta música que é, certamente, um dos pontos mais altos do The Game. E nunca foi tocada nos shows da banda. Ela ganhou notoriedade quando o Guns n’ Roses começou a cantar em seus shows.

Hot Space (1982)

  • Body Language

No Hot Space, o grupo abriu as portas para os sintetizadores e músicas que dariam perfeitamente para serem tocadas em alguma casa noturna da década de 1980. Foi o único single da banda que não teve a presença da guitarra de Brian May. O vídeo foi banido em alguns países por mostrar Freddie Mercury no meio de modelos seminuas se contorcendo ao seu redor.

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  • Cool Cat

Não foi apenas em Under Pressure que David Bowie participou. Em Cool Cat, escrita por Freddie e Deacon, os backing vocals ficaram para Bowie. MAS (sempre tem um mas), Bowie ficou infeliz com o resultado e pediu para retirar os backing vocals. Todos os instrumentos são tocados por Deacon. Freddie canta inteira em falsete. A versão com Bowie pode ser encontrada em bootlegs e vídeos pelo youtube.

The Works (1984)

  • It’s A Hard Life

A faixa é uma continuação de Play The Game, lançado no The Game. Em Hard Life, Mercury escreve a partir da perspectiva do amante que está em busca do amor verdadeiro. A letra e a melodia são baseadas em Vesti La Giubba, uma ária da ópera Pagliacci, de Ruggiero Leoncavallo.

  • Is This The World We Created?

O álbum termina com esta faixa, escrita por Freddie e May, após assistirem às notícias da pobreza na África. A musica foi apresentada no Live Aid.

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A Kind Of Magic (1986)

  • One Year Of Love

A música fez parte da trilha sonora do filme Highlander. Escrita inteira por John Deacon, foi gravada durante um dos momentos de maiores tensões. Por causa de discussões, Brian May foi proibido pelo baixista de tocar guitarra na faixa, sendo substituído por um solo de saxofone no lugar. Em resposta, John tocou baixo em Who Wants To Live Forever.

  • Princess Of The Universe

Também escrita para o filme, a canção nunca foi tocada ao vivo. Porém, o videoclipe traz a participação do ator Christopher Lambert, que entra em combate de espada com Freddie, que se defende usando o microfone. Vale a pena assistir pelos efeitos especiais e pela mini-lutinha.

The Miracle (1989)

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  • Breakthru

A introdução foi escrita por Freddie e o primeiro vídeo, talvez, que mostre o Freddie já em processo de definhamento causado pela aids. O clipe mostra o grupo em cima de um trem a vapor em movimento e conta com a participação de Debbie Leng, namorada de Roger na época.

  • I Want It All

Sei que muitos fãs conhecem a faixa, mas eu queria relembrá-la por ter sido um dos momentos políticos da banda. A canção tem como tema principal o protesto contra o apartheid na África do Sul, e veio como inspiração a esposa de Brian May, Anita Dobson, que costumava dizer I want it all and I want it now. Além do solo de guitarra sensacional de Brian May.

Innuendo (1991)

  • I’m Going Slightly Mad

I’m Going Slightly Mad é uma das faixas mais bizarras, sonoramente falando, do Queen. Sem falar do clipe, que mostra a banda vestida e agindo de modo estranho. Brian May vestido de pinguim, Roger Taylor com uma chaleira na cabeça andando de triciclo, John Deacon com um chapéu de bobo da corte e Freddie, que já estava debilitado e com a fisionomia mais magra, com um cacho de bananas como peruca.

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Foi o último clipe a mostrar uma contribuição criativa maciça de Mercury.

  • Ride The Wild Wind

Composta por Roger Taylor, a canção seria uma sequência de I’m In Love With My Car, lançada no A Night At The Opera. A canção é similar a Shakespeare Sister do The Smiths. Em algumas partes, um carro de corrida pode ser ouvido.

Made In Heaven (1995)

  • Untitled Hidden Track

Uma das músicas mais curiosas na carreira do Queen foi a faixa escondida do Made In Heaven. Conhecida como Track 13 também, a canção tem 22 minutos e 33 segundos, e utiliza trechos de It’s a Beautiful Day e ecos estranhos de Freddie Mercury.

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A faixa cria surpresa e confusão entre os fãs, devido ao seu tempo e a natureza musical. No álbum, a faixa que a antecede é um áudio de Freddie dizendo apenas “Yeaaaah!”. E se inicia a 13. Para algumas pessoas, a música é como o desencarne de Freddie Mercury chegando aos céus. A faixa termina com Freddie dizendo Fab, de fabuloso.

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