Songs For Judy captura um dos maiores picos na carreira de Neil Young, quando o músico escrevia canções muito rápido para lançar e remover os álbuns das prateleiras. Em novembro de 1976, Young abriu com sets acústicos solo, patrocinado pelo Crazy Horse, sozinho no palco junto de seu violão.
Restaurada pela gravadora Reprise, passando por um pequeno arquivamento, já que se trata de um bootleg oficial lançado, conhecido antes como The Bernstein Tapes, a nova sequência mostra a divagação do músico sobre espiar a atriz Judy Garland na primeira fila da apresentação onde, confusamente, a atriz já estava morta fazia sete anos.
Para um musico tão impulsivo e progressista, a nostalgia marca a apresentação, incluindo muitos padrões de seu estilo, representados em outros álbuns ao vivo, desde a versão ansiosa de Harvest, passando por Mr. Mr. de Bufallo Springfield e After The Gold Rush que é dedicado a “todas as auto-estradas aqui no Texas”.
Mas o sentimento profundo do álbum é o sentido de Young em movimento. Três meses antes do show, ele saía de uma turnê com Stephen Stills, partindo em seu ônibus no meio da noite, deixando um telegrama que dizia “Engraçado como algumas coisas começam espontaneamente e terminam deste modo”.
Em Songs For Judy, a sensação é mais de partida do que término, com certas surpresas como Like a Hurricane, até então inédita, escondida no inicio de A Man Needs A Maid.
Diversas músicas do show aparecem no álbum Hitchhiker, gravadas no verão que antecedia o show, como Give Me Strenght, abandonada após a turnê, Campaigner, Decade e Too Far Gone, que ficaria guardada até o disco de 1989, Freedom.
Por alguma razão, a imagem de ser um cara alto e cansado com um violão desapareceu em meados da década de 1970, mas ainda assim, a presença musical de Young é uma companhia profunda, ideal para tarde da noite. Os clichês sobre desligamento surgem frequentemente em suas canções e as letras ficam no sentido oposto de profundidade, mas a vibração é a superpotência que gira o álbum.
Songs for Judy, gravado durante a era pré punk dos anos 1970, e lançado no pós capitalismo de 2010, é o lembrete de que o sucesso pode ter tudo a ver com o resto: gravações, performance e sensação. Parece um álbum conceitual, menos chamativo e mais reconfortante. É uma fantasia de campos, noites de lua cheia, estradas de terra que criam espaço para deixar Neil Young tocar canções tranquilas para você, mostrando que o melhor ainda está por vir.